A Morte Do Baiano
Author: Eder Angelo Braga
Author: Eder Angelo Braga
A MORTE DO BAIANO Este primeiro causo do Blog tem como protagonista o Sr. Mrcio de Oliveira que todos em Andiroba/MG conhecem pelo apelido de Baiano, ou melhor, ningum sabe que seu nome Mrcio, ou melhor ainda, nem ele mesmo sabia qual o seu nome de batismo e de registro. Baiano sempre foi seu verdadeiro nome. Eis o seu perfil: Homem, alto, magro, 60 anos de idade (aproximadamente), solteiro, natural de Icoporanga/ES. Mudou-se ainda pequeno para a cidade de Janaba/MG na divisa com o Estado da Bahia, originando, da, o seu apelido (nome). Cresceu trabalhando em fazendas onde aprendeu a profisso de peo/ boiadeiro. No foi alfabetizado e, talvez por estar sempre envolvido no meio rural e distante de tudo, nunca fez questo de saber o seu nome completo e coisas suprfluas como, por exemplo, data de seu aniversrio ou de quem quer que seja. Mudou-se, ainda jovem, para Ribeiro das Neves/MG exercendo sua profisso no local denominado recanto da mata. Veio para Andiroba/MG no incio da dcada de 1980, para trabalhar em fazendas de pecuria, lidando com cavalos, burros e bois, no importando se fossem mansos ou bravos, pequenos ou grandes. Embora tenha passado a maior parte do tempo nos recantos rurais, todos os Andirobenses o conhecem, pois sempre que tinha tempo aparecia nas festas e nos bares da cidade, no abrindo mo da vestimenta tpica de um verdadeiro peo/boiadeiro. Pois bem, o caso de sua morte ora relatado parece ter se iniciado numa de suas fugas da solido do campo procura de amigos e, quem sabe, de algum romance na cidade de Andiroba/MG, valendo ressaltar que fazia questo de sempre dizer que corao de peo, por ter no lugar fixo de residncia, no se deixa amarrar por mulher. Entretanto, o destino lhe preparava uma dessas armadilhas que desaba qualquer teoria machista e, talvez por um descuido seu num desses embalos de sbado noite, seu corao, como o de qualquer homem, abalou-se profundamente ao deparar-se com uma jovem donzela que no lhe negou ateno e afeio, surgindo, da, uma paixo que nunca, em toda a sua vida, havia lhe acometido com tamanha fora. Os encontros que eram semanais passaram a ser dirios e, sem dar muito tempo amada para se desfazer de outros compromissos, tratou de lev-la para sua casa, elegendo-a, de imediato, rainha do seu humilde castelo. Foram dias felizes em que o Baiano procurou trabalhar mais perto da casa, de forma a no perder de vista a sua donzela. tardinha, antes do por do sol, j de banho tomado, sentavam mesa para o jantar e, entre uns drinks e outros, o papo rolava at tarde. Na verdade, no h relatos da vida amorosa dos dois, mas ao que tudo indica, os primeiros dias foram muitos calientes. Para o Baiano tudo era novidade e estava muito bom, pois havia tempos que no tinha uma companhia feminina. Entretanto, para a sua Dorothia (diga-se de passagem que o Baiano a muito parecido com Don Quixote nas gravuras do livro de Cervantes) a monotonia do mundo rural comeou a sufocar-lhe e, pensando num modo de amenizar sua angstia, requereu ao amado que abastecesse o lar com mais licor de alambique. At aqui, passaram-se pouco mais de quatro semanas e, como qualquer pedido da amada fosse uma ordem, o Baiano tratou de abastecer o lar com os melhores licores alambicados da regio, bem como com peas de carnes para churrasco e outras iguarias de modo a tornar aquele final de uma linda tarde do ms de maio numa grande festa a dois. Entretanto, como se sabe, a angstia tende a aumentar medida que o lcool ingerido passa a fazer efeito. Assim, no demorou muito para que a amada comeasse a desabafar e a jogar a culpa de sua tristeza no companheiro, sob o falso argumento de que ele estava privando sua liberdade, seus encontros e contatos que mantinha na cidade, etc.etc.etc. Quanto mais falava, mais licores bebiam, chegando ao ponto em que o monlogo transformou-se em dilogo e, por fim, o dilogo transformou-se numa rica discusso, prpria de um casal em que, alm do amor, h cimes no ar.... De um lado o Baiano defendia a sua posio possessiva, pois sabia quantos eram lobos maus que estavam na cidade espreita de seu chapeuzinho vermelho. Portanto, argumentava que a prendia a seu lado em face do grande amor que nutria por ela, desejando, sempre e sempre, a sua presena, fazendo o possvel e o impossvel para mant-la, sempre ao seu lado ali na fazenda. De outro lado a amada argumentava que sentia falta do convvio dos amigos nas noites de Andiroba; que ele ficava o dia todo trabalhando e no lhe dava a ateno que precisava; que sentia falta dos parentes; bl, bl, bl.... Pronto, a confuso estava armada e tudo poderia ser esquecido se evitassem um confronto e fossem dormir para resolverem essas questes no dia seguinte, de cabeas frias. Mas as doses de licor no cessaram de ser ingeridas e a questo, que antes parecia ser simples, transformou-se num problemo e palavres comearam a serem proferidos por ambas as partes, como por exemplo: corno, piranha, brocha, vagabunda, etc. At a tudo ainda poderia ser esquecido com uma boa noite de sono. Mas, das palavras passaram-se s aes, iniciadas com um pequeno empurro dado pela amada, e com as seguintes palavras que, foram proferidas por ela: fica longe de mim Baiano!!!!. Ora, ora, ora! Isso no! Isso cruel demais para com um amante dedicado e fiel. Ou seja, isso era pedir muito, pois o que mais ele queria era ficar perto, junto e, se possvel, colado ao grande amor de sua vida. O empurro no foi nada, mas essas palavras, e mais uma dose, foram o estopim que faltava ser aceso para a bomba explodir. E explodiu, mesmo. Foi nesse momento de frustrao que o Baiano cometeu seu grande erro e, querendo mostrar o tamanho de seu amor, tentou segurar o brao da amante para traz-la junto a si. No entendendo o seu gesto, a amada deu-lhe um truculento empurro que o desconcertou totalmente. Vale ressaltar que se trata do mesmo Baiano que montava burros bravos, laava bois e vacas de qualquer tamanho e fazia com que qualquer um desses animais dobrassem os joelhos com um simples (para o Baiano, claro) aperto nas sua ventas ( narinas). A a tendncia era de que tudo piorasse, uma vez que de um lado o Baiano no entendia de onde surgiu tamanha fora naquela criatura frgil, meiga, dcil e com um rostinho de menina assustada. De outro, a amante assustada e, sabedora do tamanho da fora do Baiano, procurou armar-se com o primeiro objeto que encontrasse. Infelizmente o primeiro objeto ao alcance de sua mo foi um faco de poda (ferramenta muito utilizada em fazendas e stios, cuja lmina de ao de aproximadamente 60cm de comprimento) e, sem pestanejar, desferiu-lhe um golpe bem no alto de sua cabea. Bastante atordoado, o Baiano tenta dizer-lhe que no precisava daquela agresso toda e caminha, cambaleando, em sua direo para tentar tirar-lhe o faco e retomar o dilogo, mas a amada entende que ele quer mais briga e desfere-lhe, com o mesmo faco, o golpe final, que o atinge na lateral direita de sua cabea. Cena de filme de horror: Noite escura (sem lua); rea rural de Esmeraldas/MG; casa mal iluminada; sem vizinhos (o mais perto estava a uma distncia de aproximadamente 03 Km); sangue esparramado e ainda esguichando das feridas abertas na cabea da vtima; gemidos de dor e gritos de espanto; o Baiano, forte como era, ainda procurava foras para andar e arrastar, espalhando mais sangue na sala, na escada e na grama ao lado de fora da casa, pedindo por socorro. Um verdadeiro caos...Um horror!!! Percebendo a gravidade da situao a amada, agora agressora, deixou o local e seguiu pela mata a p at a casa dos vizinhos mais prximos (03Km), Sr. Mrio e esposa. L chegando, narrou o ocorrido, pediu ajuda e retornou ao local do crime. O Sr. Mrio, por sua vez, saiu, tambm a p, em direo casa do vizinho mais prximo, (01Km) Sr. Brito, encarregado da fazenda, a quem relatou o fato. J era 19:30h, aproximadamente, quando o Brito recebeu a notcia a quem cabe relatar, com suas palavras a seqncia dos fatos ocorridos: Quando recebi a notcia no sabia se o Baiano ainda estava vivo, mas tinha que tomar uma atitude, pois no havia ambulncia na cidade e nem carro disponvel na fazenda. Assim, dirigi-me a p casa do Gerson (vulgo calango ou coelho), mais ou menos 01 Km, e solicitei seus servios de taxista para que me levasse ao local do crime. L chegando encontramos a mulher sentada na escada da casa e o Baiano estirado na sala, imvel e todo ensaguentado. A mulher, quando no viu foi logo dizendo: Gente, acho que matei o Baiano! Realmente, parecia que ele estava morto, pois, de longe, no percebi sua respirao. Ento pedi ao Calango (o Gerson ou Coelho) que se aproximasse da vtima para verificao, pois eu no estava me sentindo muito bem ao visualizar tanto sangue espalhado. O Grson ento retornou e disse: -Ele t vivo s. S que t muito machucado e gemendo muito fraquinho. Falo com franqueza, nunca vi tanto sangue esparramado e no corpo de um homem. Mas dava para ver que os cortes eram na cabea e, talvez pela quantidade de sangue, pareciam enormes. Bem, da enrolamos o Baiano num cobertor, o colocamos no banco de trs do carro e partimos imediatamente para Esmeraldas pela estrada de cho batido(mais ou menos 18Km). L chegando fomos direto para o Hospital Municipal, onde o deixamos, ainda com vivo. Preenchemos a papelada e, como no podamos fazer mais nada, retornamos e demos um jeito de avisar os parentes. Depois disso, nos dois primeiros dias seguintes, as nicas informaes que chegaram Andiroba eram de que o Baiano fora transferido para o hospital de Sete Lagoas e/ou Ribeiro das Neves. At que, trs dias depois, chegou a notcia segura de que o Baiano morrera e fora sepultado em Ribeiro das Neves. Aps essa triste notcia restou comunidade catlica solicitar, numa das missas quinzenais celebradas na Igreja de Santa Ana, carto postal de Andiroba/MG, que a celebrao fosse em inteno da alma do Baiano (ningum sabia seu nome), de forma que fosse recebida e confortada nos mais sagrados recantos do cu. E assim foi feito. Cumprido o dever cristo, o sentimento de perda de uma pessoa to envolvente foi suplantado pela memria de sua alegria de viver. Enfim, a vida continua; ningum nasce para ser semente; foi a vontade de Deus; so coisas da vida e o destino de cada um est traado, etc. Acontece, porm, que passados uns dois meses do ocorrido, surgiu um boato na cidade de que algum havia visto a assombrao do Baiano andando a p, sem barba, cabea raspada, bem vestido e com uma faixa branca enrolada ao lado da cabea. Evidentemente que, primeira vista, nem de longe poderia ser a assombrao do Baiano, uma vez que ele NUNCA: a) foi visto andando sem ser num lombo de cavalo; b) raspou a barba; c) vestiu roupa diferente da de peo/boiadeiro e d) deixou de usar chapu. Mesmo assim o alerta foi geral e os boatos aumentaram. Alguns diziam acreditar, outros no e muitos ficaram na dvida. Como canja de galinha e precauo no faz mal a ningum, embora ningum admita, dava medo somente em pensar na figura de uma assombrao do Baiano com uma faixa branca na cabea, sem barba e sem chapu numa estrada escura. E as crianas? Os pais preferiam no contar, visto que a maioria das crianas (e alguns adultos desavisados) j tinha algum receio quando via o Baiano (vivo) noite dormindo em cima da cela do cavalo a caminho de sua casa. Quanto mais nas vestes descritas pelos boateiros. Ao que tudo indica muitos andirobenses deixaram de andar sozinhos nas ruas e nas estradas, principalmente noite. Mas, essa situao foi logo resolvida. Num certo dia de sol claro, o medo foi aos poucos se transformando em espanto para, finalmente, transformar-se em alegria, quando, de repente, Andiroba recebe novamente uma de suas figuras mais ilustres, no em forma de assombrao, mas em carne e osso (mais osso do que carne, verdade). Eis que aparece o Baiano, vivinho da silva e j sem a faixa na cabea que tanto passeou nas mentes dos Andirobenses. Naquele momento, de chapu tampando as feridas j bem cicatrizadas na cabea, conta a todos toda a trajetria nos hospitais e sua rpida recuperao admirada pelos mdicos e enfermeiros. Portanto, o boato inverdico no foi o de sua apario em forma de assombrao, mas o de sua morte. Assim, termina este pequeno causo com um final feliz e hoje, passado mais de um ano e meio do ocorrido, o Baiano continua trabalhando muito, apreciando uma(s) boa(s) dose(s) de cachaa (o tal licorzinho alambicado), uma Skol gelada, um chapu de peo/boiadeiro, um bom cavalo arriado e uma narrao de rodeio acompanhada de uma boa msica caipira. Entretanto, quando o assunto mulher e paixo, o Baiano muda logo de assunto, demonstrando claramente que o trauma ainda no passou completamente. Mas parece que as coisas esto mudando para o Baiano neste ano novo que se inicia. Ou seja, com sua histria publicada num Blog com fotos (andirobaexiste) e seu vdeo divulgado no Youtube, o mundo inteiro vai conhec-lo e, quem sabe, outra paixo tomar conta de seu corao traumatizado, mas romntico e cheio de amor para dar. FIM. Obs. No blog
http://andirobaexiste.blogspot.com/ o leitor poder ver algumas fotos do Baiano. der ngelo BragaAbout the Author:
der ngelo Braga- Residente em Belo Horizonte e Andiroba, ambas em MG, servidor pblico (TRT3a. R), especializado em direito e processo do trabalho. Estudante do 3o. perodo de Filosofia. Administra o recm criado blog de Andiroba
http://andirobaexiste.blogspot.com/
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