Operação Mercari: quando o superfaturamento da publicidade do Banrisul de economia mista proporciona uma incômoda visão sistêmica
Operao Mercari: quando o superfaturamento da publicidade do Banrisul de economia mista proporciona uma incmoda viso sistmica
Bruno Lima Rocha, cientista poltico, e R da Costa, estudante de jornalismo, analisam a conjuntura poltica pr-eleitoral do Rio Grande do Sul.
Eis o artigo.
O tema de fundo deste artigo vai alm da Operao Mercari. Qual o limite da estimativa de custos da produo de um bem intangvel? Existe possibilidade de conter a promiscuidade entre agncias de publicidade e o loteamento de contas de rgos estatais? factvel imaginar a mdia comercial estadual sem receber verbas de publicidade do governo da Provncia? Se isto vier a ocorrer, passar o Executivo do estado a sofrer perseguies sistemticas? Para aprofundar estas dvidas e questes, preparamos uma sntese do factual j ocorrido, seguido de uma ironia corporativa e incmodas linhas conclusivas.
Uma sinopse analtica dos fatos j difundidos
No j distante dia 2 de setembro de 2010, foi divulgada pela Polcia Federal (PF), a investigao que apura o suposto desvio de R$ 10 milhes efetuado pelo setor de marketing do Banrisul nos ltimos 18 meses. Entre os envolvidos, foram presos aps serem flagrados com R$ 3,4 milhes sem origem identificada, o superintendente de Marketing do banco, Walney Fehlberg, e os representantes das agncias de publicidade SLM, Gilson Storke, e DCS, Armando D'Elia Neto. Empresas estas, segundo a investigao da polcia judiciria da Unio em acordo tipo fora-tarefa com o Ministrio Pblico Estadual de Contas, que seriam responsveis por terceirizar os servios por preos mais baixos e realizar o crime caracterizado como lavagem de dinheiro.
A operao conhecida como "Mercari", veio tona devido denncia de uma das empresas subcontratadas pelas agncias de publicidade SLM e DCS. Vale observar que ambas so associadas (subsidirias) e pertencem governana corporativa controlada pelo Grupo WPP; sendo que a SLM, associada ao Grupo Ogilvy, do qual o WPP tambm dono. Este conglomerado corporativo, WPP tem origem na indstria plstica inglesa e, em 1987, comprou a antiga gigante de publicidade e propaganda e relaes pblicas, J. Walter Thompson Group (Thompson). Com sede em Londres considerada a maior agncia publicitria do mundo, possuindo 2.400 escritrios espalhados em 107 pases.
Voltando ao pago, o denunciante teria sido motivado a faz-la aps levar um suposto calote, alegado por uma agncia ou pessoa fsica que, aps no ter recebido o valor combinado (sendo este, segundo as autoridades policiais e MP, j abaixo do valor real) pelo servio prestado (terceirizado, tal e como o esquema apurado com a Operao Rodin). Como no recebera, o contratado decidiu levar a informao at o Ministrio Pblico Estadual de Contas.
No dia 6 de setembro de 2010, um quarto suspeito foi preso. O empresrio Davi Antunes de Oliveira, que segundo a PF, era o suposto operador das fraudes. Porm, neste mesmo dia, os trs suspeitos pegos em flagrante foram soltos mediante pedido de liberdade provisria do advogado, pois no possuem antecedentes criminais. Poucos dias aps, Davi Antunes tambm fora solto.
No difcil supor intenes outras nesta ao criminosa, para alm do lucro a todo custo. No mundo em que vivemos, no exagero imaginar destinao poltica ao aplicar os recursos nas campanhas que agora correm para os recursos suspeitos. Levando em conta o perodo em que a operao desviou este dinheiro, teremos no calendrio os meses de pr-campanha e campanha. A partir da, diante da falta de provas materiais (uma vez que a imprensa comercial gacha no fua quando o tem de fazer) o tipo de afirmao de nossa parte j implicaria um aborrecimento jurdico.
Seria uma ironia da matriz? Qual o limite dos recursos de linguagem para a ampliao dos espaos de mercado na sociedade?
No exagero afirmar estarmos vivendo no RS em particular (mas na poltica brasileira em geral), um perodo de absoluto hiper-realismo, onde rus so vtimas e as evidncias so todas contestadas desde os seus procedimentos jurdicos at a produo do fato jornalstico. Concordamos com esta idia central e queremos aprofund-la. Buscando demonstrar a dimenso do hiper-realismo em que vivemos, deixamos este libelo de governana corporativa, encontrado no portal da WPP (matriz das agncias associadas gachas), onde constaria, pelos "rigores" do gerencialismo, a filosofia da empresa. Eis o texto pblico e de difuso mundial:
Como ns nos comportamos
A WPP e suas companhias operacionais tm como seus valores constitutivos a honestidade, integridade e respeito por pessoas. Estes valores essenciais determinam o modo ns compreendemos o negcio e eles definem os princpios nos quais ns esperamos que nosso pessoal atue na conduta de nosso negcio.
(original em ingls, direto do hiperlink.
How we behave
WPP and its operating companies have as their core values honesty, integrity and respect for people. These core values determine the way we approach business and they define the principles in which we expect our people to behave in the conduct of our business.)
J a Ogilvy, subsidiria com grau de independncia e apresentada como outra marca corporativa, um conglomerado em escala mundial detentor de contas de PP e de RP. Podemos destacar que esta empresa tem o mrito de obter a conta da BP (British Petroleum), a companhia petrolfera responsvel pelo maior desastre ambiental da histria das Amricas. Alm disso, seu fundador, David Ogilvy, um dos referentes vivos da moderna publicidade.
Assim, se a Operao Mercari no tivesse ocorrido em Porto Alegre, poderia tranquilamente ser parte de um enredo de thriller de espionagem em busca de mais alguma (porque sempre tem outra e mais outra) trama e conspirao de conglomerados corporativos transnacionais. Realmente a forma mercadoria expande-se em perodo ps-queda do Muro de Berlim em escala absurda. A incidncia destas empresas tamanha que chega ao pago, operando com duas associadas sob grave acusao da PF e do MP de contas.
Apontando concluses
Infelizmente, no ser a primeira e nem a ltima ocasio em que leremos estarrecidos informaes e abordagens jurdico-policiais transformados em fatos polticos atravs de difuso miditica. E esta abordagem, a leitura acusatria atravs de reportagens, sempre ser branda e omitindo informaes de tipo fontes abertas. Com dez minutos de pesquisa descobre-se que, dentre os clientes da DCS (tendo a pgina da agncia como fonte), alm do prprio Banrisul, esto a RBSTV e a TVCOM, ambas as empresas subsidirias do chamado Grupo RBS (ver link). Pedimos que os hipotticos leitores e crticos notem que aqui no fazemos ilao "irresponsvel" alguma, apenas constatamos algo que a maioria dos mortais rio-grandenses ignoram. Um sub-lide poderia ser: "...uma das agncias envolvidas tem as contas de potncias da economia e da mdia gacha, tais como as seguintes televises....". Este texto no foi escrito e possivelmente no ser e nem nada parecido ir ser publicado enquanto no mudar a correlao de foras, na balana que hoje pende (e muito) para a mdia capitalista.
Mesmo com esta constatao, at a nenhuma novidade diante da participao cruzada de capitais, de acertos de tipo empresarial corporativo e a eterna presena do financiamento do Estado (como detentor dos bens e riquezas da res publica) na histria. Afinal, as campanhas de marketing, publicidade e relaes pblicas do Banco do Estado do Rio Grande do Sul tinham como beneficirios indiretos os canais privados que recebem polpudas verbas publicitrias, chegando a financiar telejornais em rede estadual. Na lista de beneficirios das verbas da Superintendncia de Marketing subordinada a Diretoria de Gesto da Informao e Marketing, incluem-se dezenas de blogs e publicaes eletrnicas, alm das revistas empresariais peleando entre si para ver quem consegue estar ainda mais direita do que as mdias integradas controladas pela famlia Sirostky, afiliada do conglomerado da famlia Marinho.
O que enlouquece qualquer um com um mnimo de sagacidade ver que o modelo de loteamento do Estado atravs da contratao de produtores de bens simblicos na forma publicitria vai continuar independente de quem assuma o Piratini (ao menos entre os trs favoritos). O Banrisul, que por sinal uma empresa de economia mista (tal e qual a Petrobrs), deveria preocupar-se em financiar a produo gacha (como a agricultura camponesa e familiar), cortar a mamata eterna de tipo Fundopem e, de forma orgnica e vinculada aos sindicatos bancrios, forar a Famurs e as demais entidades municipalistas a no mais permitir que nenhum municpio do RS tenha a desfaatez de vender a sua folha de pagamento!
Entrando nesta seara, algum j notou que este tema proibido na campanha? E por que ser? Por ter alcance universal talvez, uma vez que todos os coligados dos trs primeiros colocados em pesquisas eleitorais (Tarso, Yeda e Fogaa), atuam em administraes municipais obedecendo as mais estapafrdias alianas de governo (reforando a linha conceitual tal e como afirmamos em artigo anterior com o ttulo "A agonia do subsistema poltico gacho e a disputa pelo segundo lugar."). Ao ignorar este tema, estaremos diante do silncio da idia pr-pronta, como diz magistralmente o libertrio Noam Chomsky?|! Acreditamos que sim, sendo este o mesmo silncio cmplice no item emprstimo junto ao Banco Mundial e, conseqentemente, o mais que draconiano contrato assinado pelos neoliberais por agora ainda no Centro Administrativo e no Piratini.
Voltando s inverses de prioridades e os gastos com PP e eventos do Banrisul, preciso pr muita, mas muita ateno nos municpios. A ltima fronteira do sindicalismo pblico (na organizao de municiprios) tambm uma fonte enorme de possibilidades para os administradores de fundos de penso privados e para os bancos comerciais. Diante disso, a atual diretoria (incluindo seu ex-presidente por quase dois governos, Fernando Lemos) pouco ou nada fala, menos ainda o Executivo do estado. Se falassem, at poderiam alegar estar entre a cruz e a espada. Caso no sejam liberadas verbas de publicidade, vo apanhar da mdia estadual. J estas campanhas, sob vigilncia da PF e denncias miditicas do quase ex-vice-governador Paulo Afonso Feij (DEM, ex-presidente da Federasul), estaro a partir de agora e por um largo tempo, sob suspeita de superfaturamento.
Que belo exemplo de transparncia e governana corporativa!
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Expediente
Editor: Bruno Lima Rocha
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skype: bruno.lima.rocha
Agradecemos a publicao deste artigo, sempre citando a fonte e solicitamos o favor de enviar para nosso endereo eletrnico o LINK da pgina onde o texto foi reproduzido.
Gratos pela ateno
Estratgia & Anlise e Equipe
Operao Mercari: quando o superfaturamento da publicidade do Banrisul de economia mista proporciona uma incmoda viso sistmica
Por:
Bruno Lima RochaPerfil do Autor
Nascido em 14 de julho de 1972, carioca de origem e gacho por adoo, iniciou sua vida poltica ainda secundarista, em 1988. (Artigonal SC #3303754)
Fonte do Artigo -
http://www.artigonal.com/politica-artigos/operacao-mercari-quando-o-superfaturamento-da-publicidade-do-banrisul-de-economia-mista-proporciona-uma-incomoda-visao-sistemica-3303754.html
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