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subject: Heterarquia, Redes E Locações [print this page]


Author: RINALDO BARROS
Author: RINALDO BARROS

De repente, neste limiar de ano novo, dei-me conta que minha produo intelectual tem sido fortemente crtica e voltada para a desconstruo do atual status quo. Dei-me conta de que tenho informaes capazes de contribuir para o incio de um debate do que seria efetivamente inovador na esfera poltica, pelo menos, aqui no patropi. Vejamos o que seria, de fato, inovao. Ensina o professor Bresser Pereira que uma poltica realmente inovadora exige a capacidade de seus formuladores de reduzir as desigualdades sem prejudicar as oportunidades de investimento dos empresrios. Para isso, precisa, de um lado, promover o aumento dos salrios com a produtividade e estimular a produo de bens de consumo bsico, e no de luxo; e, de outro, distinguir empresrios, cujos lucros devem ser satisfatrios, dos juros e aluguis dos rentistas, que devem ser moderados. 1) Heterarquia ensina a antroploga Karen Stephenson, em seu excelente Redes Humanas que as organizaes deveriam ser formadas por uma nova governana: hierarquias diferentes de forma a cooperar entre si para atingir objetivos comuns coletivos que no poderiam ser alcanados pelas mesmas organizaes individualmente, tal como ocorre atualmente. Ou seja, a colaborao sem abrir mo da competio entre organizaes ser fundamental para que a gerao de inovao para a sustentabilidade acompanhe a velocidade imposta pela transformao do planeta. Para que isso acontea, no entanto, lderes devero estar dispostos a um exerccio de desapego do ego organizacional, possibilitando que as organizaes evoluam de uma simples co-existncia, para a co-operao, para a co-ordenao, para a colaborao e, em ltima instncia, para a co-propriedade de idias. Dou em exemplo: recentemente, a revendedora de eletroeletrnicos Best Buy e a fbrica de motos Brammo, ambas dos EUA, anunciaram um consrcio para o desenvolvimento da Enertia, um novo modelo de motocicleta movido por baterias de ltio-fosfato recarregveis com eletricidade. Outro caso: a Basf e uma produtora de energia sustentvel dos Emirados rabes anunciaram parceria para a construo de uma cidade totalmente sustentvel; a qual servir como laboratrio para testar muitas solues para o futuro. Quanto mais diversa e criativa for a experincia, mais valiosa ela ser. Na verdade, o que quero deixar claro que a sustentabilidade no pode e nem deve ser pensada de acordo com padres antigos. uma nova lgica de atuao e por isso requer uma reinveno do modus operandi das organizaes, pblicas e privadas. Mais do que reinventar, a humanidade precisa reconhecer e se espelhar nos processos naturais. Ou seja, falo da criao de uma nova lgica para a cadeira de suprimentos e para os processos de manufatura que respeitem a vida no planeta ao substiturem a lgica do bero ao tmulo pela lgica do bero ao bero. preciso substituir gradativamente o atual sistema consumidor e gerador de resduos num entrelaamento de redes que celebre a abundncia natural, econmica e cultural. 2) Sociedades em Redes - segundo Manuel Castells, socilogo espanhol, as redes constituem a nova morfologia social de nossas sociedades. Ou seja, a difuso da lgica de redes modifica essencialmente a operao e os resultados dos processos produtivos e de experincia, poder e cultura. A sociedade em rede passar a ter uma capacidade infinitamente maior de circulao de informaes, um elemento fundamental na comunicao de estratgias para a busca de solues coletivas de longa durao. 3) Alugar em vez de comprar - por ltimo, existe uma pergunta que parece comear a iluminar, no apenas o final do tnel, mas o tnel inteiro: por que vender (ou comprar) se eu posso alugar ou simplesmente recarregar? Por que comprar um bem mvel ou imvel, se eu posso alug-lo e, ao usufruir da sua utilidade, resolver problemas e melhorar minha qualidade de vida e a do meu entorno. Imagine, caro leitor, uma sociedade onde a propriedade sobre os bens se torne relativa, e as empresas obtenham os seus lucros como rendimento de locaes, e no mais a partir da venda dos seus produtos. Uma sociedade onde o Estado construir, por exemplo, moradias, no mais para vend-las via financiamentos, mas para que sejam ocupadas mediante arrendamento, sob compromisso do usurio (depositrio fiel) para ser responsvel por sua manuteno e guarda. Imveis sem proprietrios, mas com dficit habitacional zero. Voc faz questo de ser proprietrio, ou prefere morar bem com sua famlia? A responsabilidade do caro leitor muito grande, pois s no existe o que no pode ser imaginado.About the Author:

Rinaldo Barros professor da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, desde 1988.

Atualmente, ocupa a Diretoria Cientfica da FAPERN Fundao de Apoio Pesquisa do Rio Grande do Norte, onde busca contribuir para que a disseminao do conhecimento cientfico e a prtica da pesquisa se tornem mecanismos de desenvolvimento do Rio Grande do Norte.




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