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subject: De Olho Em Copenhague [print this page]


Author: Renato Arajo
Author: Renato Arajo

O destino de nossa civilizao est em discusso na Conferncia das Naes Unidas, em Copenhague, Dinamarca, que versa sobre mudanas globais do clima. Neste encontro pases ricos e os chamados pases em desenvolvimento discutiro acordos para evitar o aumento da temperatura da Terra em mais de 2C em relao era pr-industrial. O principal responsvel pelo aquecimento global segundo a comunidade cientfica o aumento da emisso de CO2 na atmosfera, gerada principalmente pelo uso de combustveis fsseis e no caso do Brasil, devido ao grande ndice de desmatamento e queimadas. Ser que os lderes mundiais esto prontos para encarar esta que a maior crise que a humanidade j enfrentou? Muito temos ouvido falar sobre o desenvolvimento sustentvel, a preocupao com as geraes futuras e tudo mais. Entretanto a definio em voga de desenvolvimento sustentvel no nos diz como atingir este to esperado futuro ecolgico. Vemos isso sim, empresas altamente poluidoras considerando-se sustentveis por realizarem um programa de separao de resduos e aulinhas de preservao da gua e energia. Para a Terra desenvolvimento sustentvel algo muito mais profundo. Tendo como base a teoria de Gaia do fsico britnico James Lovelock, onde a Terra um grande organismo vivo, temos uma noo bem diferente de sustentabilidade. Para Gaia, ou o organismo Terra, manter as condies possveis para a manuteno da vida, um sistema harmnico funciona a milhares de anos. Antes do surgimento das plantas na superfcie da Terra a atmosfera quase no possua oxignio em sua formao. Somente pela capacidade dos vegetais de absorver CO2 e liberar como resultado de sua fotossntese o oxignio que foi possvel para os animais se desenvolverem em terra firme. Temos a um sistema interconectado, onde o impacto de uma espcie reflete no sistema inteiro. Com esta percepo de sistema vivo, um desenvolvimento sustentvel deveria se ater a questes mais profundas como a resignificao de riqueza e progresso. Lendo o livro Garimpo ou Gesto de Lutzenberger entrei em contato com ideias muito interessantes como a anlise de nosso modelo atual de civilizao. Medimos nosso progresso e riqueza pelo ndice econmico chamado Produto Interno Bruto, ou PIB. Enquanto no mudarmos os parmetros que nos informam nosso ndice de desenvolvimento, teremos a distorcida viso de progresso. O PIB representa a soma (em valores monetrios) de todos os bens e servios finais produzidos numa determinada regio num perodo determinado. Nada nos diz do real estado de conservao da natureza e qualidade de vida dos cidados. Como por exemplo, na produo de alumnio, que o Brasil um grande exportador. Extramos bauxita, atravs da minerao, e para produzir o alumnio necessitamos grandes quantidades de energia, sendo assim, grandes reas so alagadas na construo de hidreltricas. Tudo isso para exportar uma matria prima de baixo valor agregado. Se analisarmos os ndices econmicos, como o PIB, o pas est mais rico, mas se analisarmos concretamente estamos mais pobres como nao. Quem sai ganhando so os compradores deste alumnio que no tem de arcar com os altos impactos que este sistema produz. Outro exemplo que aprendi com Lutzenberger o de um acidente areo, onde o PIB apenas analisa o fluxo monetrio gerado por tal tragdia. Como no caso do acidente da TAM em 2007, os ndices econmicos no souberam considerar as perdas qualitativas, as vidas. Ou seja, ndices econmicos, como o PIB, no nos dizem nada sobre o real estado de vida dos cidados. E podemos at dizer que quanto mais aumenta o PIB, mais diminui nossa qualidade de vida. Vejo que os lderes mundiais tm de perceber que a economia humana faz parte da economia da Terra. Estes dois sistemas devem estar em harmonia caso contrrio estaremos tomando apenas medidas paliativas. Enquanto o sistema humano se baseia em um fluxo linear de materiais, a Terra funciona ciclicamente, ou seja, ns extramos da natureza, criamos produtos feitos para serem descartados em curto perodo de tempo, com o uso de energias no renovveis e os descartamos em aterros sanitrios ou lixes, enquanto a Terra recicla todo o material e utiliza a energia solar. O sistema humano no suportvel para o sistema terrestre. Necessitamos de um modelo de desenvolvimento que leve em considerao os bilhes de anos de experincia bem sucedida que a Terra nos apresenta. No podemos resolver um problema com a mesma lgica que o criou. E isto que est sendo discutido em Copenhague nesta semana. Mecanismos como o mercado de carbono no iro solucionar nossos problemas. como medicar um paciente com cncer cerebral com remdio para dor de cabea. Temos uma tima animao que fala sobre este tema, intitulada The Story of Cap and Trade, produzida pela Free Range Studios e o The Story of Stuff Project. Enquanto isso se v aqui no estado do Rio Grande do Sul a poltica seguindo esta lgica mercantilista para lidar com o caso do aquecimento global. A viso de nossos legisladores a de flexibilizao das leis ambientais, como o fim da reserva legal e a diminuio das reas de preservao permanente. Junto disto temos propostas polticas que focam os mecanismos de captao de carbono, principalmente para empreendimentos de reflorestamento. Necessitamos de algo novo, no ser fcil, mas tempo de sonharmos alto. Temos que ao invs de seguirmos a mesma lgica que causou o atual estado, adotarmos uma nova cosmoviso, onde somos partes integrantes da Terra e no seus donos. About the Author:

Renato Arajo ecologista gacho formado em tcnico em Meio Ambiente, atuando como voluntrio na Fundao Gaia - Legado Lutzenberger




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