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subject: O Fosso Entre Educação E Os Setores Produtivos [print this page]


Author: Carlos Henrique Arajo
Author: Carlos Henrique Arajo

O fosso entre educao e os setores produtivos. *Carlos Henrique Arajo O esquema que impregnou as universidades brasileiras nos ltimos anos mostra um dos seus efeitos mais perversos para o desenvolvimento econmico. O sistema virou uma mquina de produzir funcionrios pblicos que precisaro de mais impostos e verbas para tocarem suas atividades no Estado e, principalmente, na prpria universidade. Segundo um levantamento realizado por pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada Ipea -, recentemente divulgado, apenas 1,9% dos 26 mil doutores brasileiros, atualmente empregados, est na indstria, enquanto 66% permaneciam na universidade e outros 18% no setor pblico. A educao superior brasileira descolada do setor produtivo e voltada para o seu prprio umbigo. Enquanto prevalecer este abismo em relao indstria, poucas chances temos de nos firmar na economia moderna, cada vez mais exigente em termos tecnolgicos e de inovao. Na realidade, grandes grupos de professores universitrios sempre demonizaram e lutaram contra qualquer relao institucional entre as universidades e os setores produtivos da sociedade. O velho pensamento, traduzido pelo clich da universidade pblica, gratuita e para todos, impregnou vrios setores da educao, afastando a possibilidade da troca efetiva da universidade com as empresas nacionais e globais. Com 66% dos doutores permanecendo nas universidades o que se tem a mquina pblica do ensino superior priorizando a formao dos seus prprios quadros e concentrando o investimento pblico na alimentao de sua burocracia e de suas relaes de poder. Isto acaba por criar uma atmosfera fechada de reproduo social de grupos de professores e seus discpulos. Pior, gera uma rede intricada de benefcios e favores, j que os prprios professores escolhem por meio de concursos os seus alunos para serem os seus futuros colegas. O esprito que produz o progresso e o avano nas cincias exige uma outra lgica de comportamento institucional e formao da Capital Humano. A cincia para se desenvolver precisa do confronto de idias, de experimentos e de metodologias, da curiosidade cultivada ao extremo, da rebeldia terica e de muito treinamento e dedicao. No se forma um verdadeiro cientista em ambientes fechados que se auto-reproduzem em funo somente de suas demandas e acordos. O resultado disto tudo a falta de oferta de crebros para os setores que demandam criatividade, ousadia e esprito empreendedor, tudo que motiva, fortalece e gera riquezas para o Pas. A separao entre educao e mercado de trabalho faz inmeras vtimas. Em 1980, um trabalhador no Brasil produzia em valor agregado o equivalente a US$ 15,1 mil por ano, em 2005, esse valor caiu para US$ 14,7 mil, segundo a OIT. Na realidade as distores comeam de forma efetiva no chamado ensino mdio. Destoando de todos os sistemas educacionais que so mais produtivos, o ensino mdio brasileiro no oferece as oportunidades diversificadas de profissionalizao aos mais jovens. S h uma opo de ensino mdio, ento todos, que sobrevivem ao funil educacional, so obrigados a se submeterem a uma lgica de formao exclusiva para o enfrentamento de vestibulares. No h oferta de formao de profissional para atender a demanda e a matrcula no ensino tcnico no chega a atingir 900 mil alunos no Brasil. No h um s estudante de ensino mdio no Pas que no se sinta pressionado a decorar conhecimentos para provas e esquec-los em seguida. No se desenvolve nos jovens as habilidades necessrias para que o mesmo possa se aprimorar de forma autnoma e adquirir novas competncias para o mercado de trabalho. O Banco Interamericano de Desenvolvimento divulgou um estudo, em 2008, que constata que mais da metade dos latino-americanos entre 15 e 19 anos no tm um nvel adequado de educao para conseguir um trabalho bem remunerado. No Brasil, o percentual nesta situao de 71,6%. Esta separao radical entre o mercado de trabalho, setor produtivo e sistemas e estratgias de ensino a receita do fracasso econmico e do desperdcio de dinheiro. Qualquer atitude sria em Educao no Pas passa por uma reforma vigorosa do sistema de ensino nacional, que fechado em si, forma pouca gente, com m qualidade e apenas a quantidade suficiente para repor peas de uma mquina pblica de ineficincia. * Mestre em Sociologia, Consultor em Educao e Ex-Diretor de Avaliao da Educao Bsica INEP/MEC. chfach@gmail.com.About the Author:

Mestre em Sociologia, Consultor em Educao e Ex-Diretor de Avaliao da Educao Bsica INEP/MEC. chfach@gmail.com.




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