subject: PROMOVENDO A COMUNICAÇÃO ENTRE A EQUIPE DE ENFERMEIROS E FAMILIARES DE CLIENTES INTERNADOS NA UTI COM VISTAS AO CUIDADO INTEGRAL [print this page] INTRODUO INTRODUO
O presente estudo objetiva promover a comunicao interpessoal entre a equipe de enfermeiros e a famlia na UTI visando o cuidado integral, atravs de uma proposta educativa. O profissional precisa ter a percepo de compreender o significado das mensagens enviadas como: gestos, sinais, palavras e at mesmo o silncio das pessoas.
Neste sentido idealizou-se um projeto investigativo acompanhado de uma prtica assistencial e educativa como Trabalho de Concluso de Curso de Enfermagem abordando o tema comunicao de uma forma holstica, buscando a integrao entre a equipe de enfermeiros e familiares de clientes, tendo em vista um cuidado integral.
Esta vivncia resultado de um trabalho que foi desenvolvido junto a familiares de clientes internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) adulto de um hospital geral da regio serrana, e junto a equipe de enfermagem desta unidade. Fundamentou-se essa prtica em conceitos da comunicao interpessoal, do cuidado integral e no referencial terico-metodolgico da Metodologia Problematizadora de Bordenave.
Acredita-se que o estudo da comunicao fundamental na formao do enfermeiro, pois, como sita a idia de Bordenave (1992, p. 19) quando refere que a comunicao uma necessidade bsica da pessoa como ser social. "A comunicao confunde-se, assim com a prpria vida. Temos tanta conscincia de que comunicamos como de que respiramos ou andamos".
Quando fala-se de cuidado integral, pode-se defini-lo como um atendimento integral, de acordo com uma das diretrizes bsicas do Sistema nico de Sade (SUS), conforme art. 198: "A integralidade direcionada com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuzo dos servios assistenciais" (BRASIL, 1998). Porm ela vai alm disso, a integralidade tenta falar de um conjunto de valores para tornar a sociedade mais justa e solidria (PINHEIRO; MATTOS, 2001). Por isso acredita-se que a comunicao pode levar a um cuidado integral, pois a comunicao e a integralidade tem uma certa aproximao de conceitos que podem ser desvendados ao se comparar aes de comunicao que ajudam a definir integralidade como escuta/traduo, sendo que destes o dilogo, que envolve a comunicao entre no mnimo duas pessoas, o centro de uma relao que leva ao cuidado integral.
Deve-se ento reconhecer que a famlia do cliente tambm faz parte do cuidado integral, entretanto isso tem sido considerado como construo da prtica da equipe de enfermeiros. Ao considerar a famlia como integrante do cuidado de enfermagem, deve-se conhecer seu contexto, compartilhar suas crenas e valores. Pois, atravs da comunicao possvel promover a eficcia dos cuidados de sade.
Neste sentido observa-se a importncia de promover um vnculo, de comunicao, entre a equipe de enfermeiros e o familiar potencializando a capacidade desses profissionais estabelecerem uma assistncia ampla voltada para essa clientela, fundamental para o processo de recuperao e tratamento do cliente internado.
O PROJETO
O presente projeto emergiu da realidade vivenciada no estgio de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), por experincias vivenciadas em anteriores fase, com parentes internados e tambm com relatos de conhecidos com familiares internados em diversas instituies. Em algumas situaes emerge a insatisfao do familiar dos clientes internados sobre a forma e comunicao utilizada no relacionamento enfermeiro-famlia. O estudo da comunicao fundamental na formao do enfermeiro, pois, concorda-se com Bordenave (1992, p. 19) quando refere que a comunicao uma necessidade bsica da pessoa como ser social. "A comunicao confunde-se, assim com a prpria vida. Temos tanta conscincia de que comunicamos como de que respiramos ou andamos".
De acordo com Bordenave (1992, p. 36) "sem comunicao cada pessoa seria um mundo fechado em si mesmo. Pela comunicao as pessoas compartilham experincias, idias e sentimentos, ao se relacionarem como seres interdependentes, influenciam-se mutuamente, juntas modificam a realidade onde esto inseridas".
Segundo Stefanelli (1993), o estudo da comunicao ainda est para ser aprofundado de modo a ser mais bem conhecido e utilizado pelos enfermeiros em sua prtica diria. Esta comunicao deve permear as relaes tambm entre a prpria equipe da UTI, clientes, famlia e comunidade.
A vivncia da prtica assistencial compartilhada com clientes, famlias e profissionais de enfermagem durante o estgio, oportunizou refletir sobre a tenso emocional dos familiares. Tal experincia deu margens para o interesse de trabalhar este tema com os familiares, vindo ao encontro da certeza de que a comunicao interpessoal tem relevncia para a melhoria na assistncia prestada pela equipe de enfermagem.
A comunicao existe, pois impossvel no se comunicar, porm o processo de comunicao estabelecido entre o profissional de enfermagem e famlia muitas vezes insuficiente. Em alguns momentos o profissional de enfermagem no consegue perceber o familiar como seu cliente, mas como uma pessoa que muitas vezes interfere nas suas atividades ao fazer perguntas, tornando-se s vezes uma presena incmoda. O perodo que observou-se muitos dos enfermeiros da UTI, j apresentam uma comunicao mais aberta e clara para que o familiar se sinta mais seguro com a situao. O familiar em seu desconhecimento da situao tenta encontrar na enfermagem orientao, compreenso e conforto em suas palavras, mas percebe que muitas vezes os profissionais no tm a capacidade de entender estes sentimentos. Seu olhar procura no setor algum que possa dar-lhes informaes sobre seu ente querido e que seja receptivo as suas angstias.
Justifica-se a escolha do tema, por acreditar-se que a comunicao pode levar a um cuidado integral, pois tanto a comunicao ou a integralidade tem uma certa aproximao de conceitos que podem ser desvendados ao comparar-se aes de comunicao que ajudam a definir integralidade como escuta/traduo, sendo que destes o dilogo, que envolve a comunicao entre no mnimo duas pessoas, o centro de uma relao que leva ao cuidado integral.
Deve-se ento reconhecer que a famlia do cliente tambm faz parte do cuidado integral, e que s recentemente isso tem sido considerado como construo da prtica da equipe de enfermeiros.
O problema norteador deste projeto : Como a equipe de enfermeiros utiliza a comunicao com familiar de pacientes internados na UTI para o cuidado integral?
O objetivo central promover a comunicao entre a equipe de enfermeiros e familiares de clientes internados na UTI visando o cuidado integral, atravs de uma proposta educativa.
A metodologia escolhida prope desenvolver, um processo prtico-terico buscando enfatizar a comunicao que permeia os indivduos no lugar em que esto imersos. Dessa forma faz-se necessrio utilizar a abordagem qualitativa, que uma designao que abriga correntes de pesquisa muitos diferentes.
Na pesquisa qualitativa, todas as pessoas que participam da pesquisa so reconhecidas como sujeitos, que elaboram conhecimentos e produzem prticas adequadas para intervir nos problemas que identificam.
O projeto assistencial e pedaggico foi aplicado e desenvolvido em um Hospital Geral localizado na cidade de Lages-SC, especificamente na Unidade de Terapia Intensiva Adulto. As atividades foram implementadas diretamente junto aos familiares de clientes internados nessa unidade e a equipe de enfermeiros que nela atua e indiretamente aos clientes internados nessa unidade. Os sujeitos participantes tm carter voluntrio. A temtica foi aplicada em forma de questionrio, com perguntas bastante variadas, onde responderam sem nenhum receio. Esses dados foram coletados aps a visita dos familiares ao paciente.
Aps a coleta de dados, foi feito uma organizao do material e analisado os dados, sendo que 24 familiares responderam o questionrio; 40% satisfeito com a comunicao dos enfermeiros e os outros 60% insatisfeitos. Os familiares de pacientes internados na UTI, mostraram que ainda h uma insatisfao em relao as suas dvidas, muitos reclamavam da falta de ateno s suas indagaes, destacaram que a equipe no d muito acesso ao esclarecendo o necessrio as suas duvidas, que continuavam tendo uma ideia de que a UTI era um setor pra onde iriam os pacientes que no teriam alguma chance de recuperao.
O que observou-se com a pesquisa, foi que os familiares esto to angustiados com a situao do paciente, que acabam no absorvendo o que os enfermeiros informam. Tambm muitos dos enfermeiros no do espao para que os familiares se sintam mais seguros, com a situao e com os esclarecimentos de suas dvidas. A equipe de enfermeiros pode atravs da comunicao estabelecer um relacionamento efetivo com a famlia, dando apoio, conforto e segurana, assistindo-a em suas necessidades, melhorando a recuperao do paciente e dando mais clareza ao familiar, o que muito importante na recuperao. Stefanelli (1993, p. 25) diz que: "O enfermeiro, famlia e a comunicao que ocorre entre ambos formam um trip para o atendimento das diferentes dimenses para que o cuidado de enfermagem se torne em sua plenitude de forma humanitria."
Aprende-se a trabalhar com famlias, durante a interao com ela. Isso depende das transformaes desejadas, realizando uma aliana entre a equipe de enfermeiros, famlia, e com o cliente internado sob seus cuidados. Essas transformaes devem tambm estar entrelaadas a capacidade de empatia a qual est intimamente relacionada ao envolvimento emocional e respeito mtuo que ocorrem na relao interpessoal.
Esta comunicao emptica vital para o desenvolvimento do processo de comunicao quando se tem o objetivo de ajudar algum. H necessidade de a enfermeira possuir um nvel de maturidade que lhe permita experimentar a empatia sem se deixar levar por um envolvimento emocional prejudicial aos objetivos, portanto no teraputico. (STEFANELLI, 1993, p. 58).
Todavia o aspecto da empatia fundamental, pois com ela haver o envolvimento para que a equipe de enfermeiros compreenda o mundo das famlias e do cliente, para oferecer assistncia individualizada, respeitando suas crenas, valores e cultura, essa cultura um conjunto de comportamentos, saberes adquiridos atravs de um processo de aprendizagem e transmitidas aos seus membros.
Um estudo importante sobre comunicao entre clientes e equipe de sade est registrado nos relatos de Faria (1996), que destaca que as dificuldades que se encontram no campo da comunicao e das relaes com os profissionais de sade so os problemas mais comuns entre os usurios de servios de sade. A comunicao como um processo social fundamental, merece estudos relacionados ao seu processo e seus efeitos.
"Os profissionais e ocupacionais dos servios de sade, no exerccio de suas funes no se do conta do espao de intersubjetividade no qual atuam e, por isso, muitas vezes, ignoram emoes, paixes, crenas, valores inerentes ao ser humano sob seus cuidados". (FARIA, 1996, p. 19).
As relaes com base numa comunicao tecnicista entre profissional, clientes, instituio e a populao, no promovem o estabelecimento de vnculos, sendo assim, muitas vezes os clientes no participam dos encaminhamentos e solues para suas necessidades de sade. A comunicao interpessoal deve ser a ferramenta de trabalho mais utilizada pela enfermagem; importante que o profissional saiba us-la nas suas atividades dirias, pois, ao utiliz-la de forma correta pode-se criar um maior vnculo com seu cliente.
CONCLUSO
A avaliao geral do andamento das atividades e levantamento de prioridades foram realizada atravs da problematizao da comunicao da equipe de enfermeiros. Buscou-se a partir do projeto pesquisar quais eram as maiores dvidas dos familiares, as suas crticas a equipe da UTI, sendo este objetivo realizado atravs da observao da orientao realizada no horrio de visitas e atravs disso, conhecendo a realidade e interao entre equipe de enfermagem e famlia. Enfocou-se a comunicao interpessoal verbal e no verbal, junto equipe de enfermagem, nas orientaes aos familiares.
A importncia da comunicao prope o melhor acesso das pessoas, dando mais segurana e estabilidade a todos que nela se envolvem.
Nas condies de hoje, a equipe j demonstram mais segurana e credibilidade para a melhoria de seu atendimento. Mais mesmo assim, ainda falta mais recursos, pessoas preparadas para administrar e qualificar as equipe de enfermeiros, dando mais espao para que o familiar possa ajudar tambm na recuperao dos clientes familiares. Acredita-se que se trabalharmos com a proposta de comunicao enfermeiro-familiar, em ambos setores da sade, capacitando-os para receber esses familiares aflitos, teremos uma porcentual muito positivo na melhora de vrios clientes em casos diversificados.
REFERNCIAS
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PROMOVENDO A COMUNICAO ENTRE A EQUIPE DE ENFERMEIROS E FAMILIARES DE CLIENTES INTERNADOS NA UTI COM VISTAS AO CUIDADO INTEGRAL
"Juro dedicar minha vida profissional a servio da humanidade, respeitando a dignidade e os direitos da pessoa humana, exercendo a Enfermagem com conscincia e dedicao, guardando sem desfalecimento os segredos que me forem confiados. Respeitando a vida desde a concepo at a morte, no participando voluntariamente de atos que coloquem em risco a integridade fsica e psquica do ser humano, mantendo elevados os ideais da minha profisso, obedecendo os preceitos da tica e da moral, preservando sua honra, seu prestgio e suas tradies." (Artigonal SC #3366309)