subject: O PODER DA IDEOLOGIA: UM DECRETO POLÍTICO QUE MUDOU A HISTÓRIA [print this page] O mundo tem demonstrado, atravs dos tempos, uma necessidade de criao de mitos relacionados a temas religiosos, dentre outros. A sociedade, praticamente sem se interrogar e questionar sobre a significao dos seus mitos, absorve signos, smbolos e esteretipos durante toda a vida.
H casos de mitos que existem sem que possamos ter noo de sua origem, so atemporais, pois sua formao no intencional, ou seja, nunca houve uma inteno inicial de cri-los, sendo assim, a sociedade, o tempo e o inconsciente coletivo os responsveis pelo processo natural e gradativo da criao. Entretanto, h casos de mitos programados antecipadamente. a mitificao artificial de coisas e pessoas com finalidades de conquistar a sociedade para interesses econmicos, polticos, sociais e religiosos.
Mas o que um mito? Muitas definies so encontradas. Porm, algumas so coincidentes e nos revelam ser uma tentativa de explicao de acontecimentos considerados sobrenaturais ou naturais que escapam da compreenso do homem. Surgem, ento, as lendas, a potica, a fbula etc., que pertencem sabedoria da humanidade atravs do tempo. So preservadas de gerao em gerao pelo inconsciente coletivo, sob a forma de arqutipos, smbolos e figuras. atravs deles que so transmitidas as mensagens essenciais.
Por isso muito difcil, com neutralidade, estudar e analisar o que representam os mitos. E quando falamos em mitos, devemos ter a clara distino de que h, por um lado, mitos atemporais, que nos projetam a um universo profundo, simblico e de arqutipos, com fins pedaggicos e cheios de lies permanentes para todas as pocas e povos, como por exemplo os mitos simblicos do "dilvio", dos "doze trabalhos de Hrcules", da "caverna" de Plato, dos "contos de fadas" ("era uma vez..."), dos "orixs", dos mitos de "criao do mundo" ("no princpio") e de tantos outros mitos que so as bases de todas as Escrituras Sagradas e de todas as tradies (Antigo e Novo Testamento, Alcoro, Bhavagad Gita, Vedas etc.). Por outro lado, h mitos programados, a mitificao artificial de coisas e pessoas. E aqui reside o perigo, o engano, a hipnose coletiva. So os mitos sociais, polticos, religiosos e econmicos no sentido perverso da ideologia de domnio e explorao.
nesse sentido que os mitos se tornam benficos ou malficos. Ou seja, enquanto uns falam nossa alma nos ensinando a transcender problemas, lidar com nossos problemas interiores, existenciais e entender sobre nossa origem, misso e destino, outros nos levam a uma inrcia mental, a uma alegria ilusria, a uma vida sem sentido, a uma alienao cultural, poltica, a uma "militncia" subjugada a interesses egostas de certas ideologias, a idias preconceituosas, a mitos raciais, a dogmas religiosos, econmicos e cientficos indiscutveis, a dolos objetivos e subjetivos (artistas, super-heris, polticos, novelas, moda, comportamento, desportistas etc.), a patriotismos desmedidos e a tantos outros mitos que nos afastam da realidade e do verdadeiro sentido de uma vida plena, consciente e de crescimento.
A ttulo de exemplo, trarei tona trs, dos milhares de exemplos de mitificao artificial e programados. O primeiro deles no chega a representar um grande problema, mas nos exemplifica claramente como absorvemos detalhes que se tornam "peas" fundamentais e "inseparveis" de nossas crenas e costumes. O segundo j toma propores maiores porque envolve uma ideologia, uma crena, uma fonte econmica e uma subjugao alienante e idlatra. O terceiro exemplo, que o ponto fundamental deste artigo, nos fala de um "decreto poltico que mudou a histria".
Vamos ao primeiro exemplo: "O Gato Ritual - complicando o que simples" (conto zen budista). "Quando um mestre espiritual e seus discpulos comeavam a meditao do anoitecer, um gato que vivia no monastrio fazia tanto barulho que os distraa. Ento, o professor ordenou que o gato fosse amordaado durante a prtica noturna. Anos depois, quando o mestre morreu, o gato continuou a ser amarrado durante a meditao. E quando o gato morreu, outro gato foi trazido para o monastrio e amarrado. Sculos depois, quando todos os fatos do evento estavam perdidos no passado, praticantes intelectuais que estudavam os ensinamentos daquele mestre espiritual escreveram longos tratados escolsticos e teolgicos sobre a significncia de se amordaar um gato durante a prtica da meditao...". D para discordar?
Como segundo exemplo, temos a crena na padroeira do Brasil: Nossa Senhora Aparecida. Poucos questionam, analisam e enxergam o simples fato de que algo, uma esttua em questo, em algum momento tenha sido deixado cair na gua, por acidente, ou tenha sido levado por alguma correnteza durante uma chuva, e que quando foi achada das guas pelos pescadores, tenha sido apenas uma das possibilidades de resgate acidental das guas; a outra possibilidade poderia ter sido a de at hoje estar submersa. Porm, a mentalidade da poca, no muito diferente da de hoje, logo partiu para a idia do milagre, aviso, apario. A "f" cega e a necessidade de dolos que lhes protegessem no dia-a-dia levou, por um lado, o povo da poca a construir mais um objeto de culto. Por outro lado, estava a Igreja, sempre pronta a incorporar em seus dogmas qualquer fato, por mais absurdo que possa ser, que lhe rendesse fiis e lucro. Estava assim formado, no Brasil, mais um culto que tomaria propores gigantescas. Culto este com uma slida estrutura poltica, social e digna de um feriado nacional. Um verdadeiro paraso para "os vendilhes do templo" e para a Igreja. Eis um mito, um culto forjado, que encontrou terreno frtil no senso comum e sofrido da populao. No devemos desmerecer a maneira de expresso e pensamento do homem movido pelo senso comum, mas no podemos tambm permanecer sem uma superao, rumo a uma abordagem crtica e coerente. O erro est na acomodao no papel de vtima e de dominado.
No terceiro exemplo, temos as propores maiores da mitificao artificial de pessoas com finalidades de conquistar a sociedade para interesses econmicos, polticos, sociais e religiosos. Trata-se de um tema polmico e que est contido profundamente no modo de vida e crenas do Ocidente. Quer trate-se de algo que esteja no "inconsciente coletivo", "memria gentica", "vida aps vida", ou de tudo um pouco, o fato que teve um comeo, um auge e agora est havendo um profundo questionamento do que foi criado em torno de um personagem, um grande homem, um esprito evoludo, chamado Jesus, pelos ocidentais.
Sabe-se, historicamente, que nos dias de opresso romana o povo judeu estava nos limites de sua fora e tolerncia. Uma idia e desejo de liberdade e "salvao" j percorria o corao e a mente de cada judeu. A idia comeou a concretizar-se em doutrinas e movimentos (essnios, nazarenos etc.). Os grupos estavam sendo organizados em "fraternidades" (chevrot, em hebraico), tambm conhecidos como "grupo de servidores" (chaburah, em hebraico). Os membros eram chamados de "companheiros", "servidores", "membros", (chaverim, em hebraico). Tinham como ideal a pobreza, a abstinncia, os banhos simblicos de purificao. Enfim, uma preparao "redeno" sempre iminente. Eis a gnese, o solo frtil para um outro grupo que estava para nascer.
Jesus, um esprito esclarecido no judaismo e na cabala tinha sido iniciado por Jos de Arimatia, tambm se referia vinda de um "messias". Alertava o povo sobre o poder do amor, sobre as injustias sociais, sobre o erro daqueles que tratavam a religio como comrcio, sobre a hipocrisia e tantas outras coisas. E sabemos do trgico fim que estas idias lhe custou.
Mas, at ento, os pequenos grupos simplesmente compartilhavam das idias e ouviam a Jesus. Porm, um pouco mais adiante, j consideravam-se como seus discpulos, mas ainda judeus. Tais grupos continuaram aps a sua morte e foram tomando propores maiores. Passaram a crer, seus companheiros e discpulos, que o prprio mestre havia cumprido o destino de "messias". J surgia a crena que ele teria "ressucitado dos mortos" e retornaria do paraso como governante de uma nova era final. No necessrio citar todas as crenas e doutrinas que se fermentavam em torno do nosso querido irmo Jesus, porque j de conhecimento de todos. Mas claro que Jesus nunca andou em meio do povo proclamando-se messias, ou pedindo que o seguissem porque era rei. Ele apenas era um homem consciente, conhecedor do lado espiritual mais profundo, um conhecedor do lado esotrico da vida e do poder do amor e da justia. Um ser alm do seu tempo em viso e evoluo.
O tempo passava, os grupos e crenas em torno de Jesus cresciam. As reunies comeavam a se tornar menos pblicas em vrios lugares porque j estavam a despertar a ateno de lderes religiosos e polticos. Tudo ainda acontecendo dentro do terreno do judaismo. Mas um dia, o personagem chamado Paulo de Tarso, abriu as portas aos no-judeus, e os grupos, a partir de ento, j no se regiriam totalmente pelas leis judaicas. Comeava uma espcie de "cristianismo primitivo". Cristianismo porque tem origem no nome de origem grega, cristo, o "salvador", o "ungido" etc. Aqui comea a sobreposico, aos poucos, dos mitos judaicos, gregos, romanos, egpcios, persas e outros nos novos ncleos em torno de Jesus. Cada vez mais as palavras de um homem tomavam formas e crenas diversas. No me refiro aqui que as outras crenas, mistrios e mitos sejam invlidos; refiro-me somente sobreposio que estava havendo.
Isso tudo, historicamente se sabe, no estava passando desapercebido pelos romanos. Estes percebiam o forte crescimento desse "movimento popular". Estava, portanto, prestes a comear o conflito entre as comunidades que se expandiam e o poder do imperador romano. Em Roma j estava configurado o dilema, e era preciso escolher: o imperador ou Jesus. A princpio temidos, depois odiados, os novos "cristos" iam se alastrando pelo Imprio. Entretanto, como a seita que crescia era aberta a todas as raas, a partir de Paulo, adquiria um carter mais universalista, e isso comeou a agradar ao Imprio Romano mais adiante. O culto ao imperador estava j prestes a tomar outro rumo. Mas antes, muito sofrimento e perseguio era a realidade vivida pelos chamados cristos. E aps a perseguio de vrios imperadores romanos, que culminou com Dioclesiano, temos no Imperador Constantino o personagem que transformou o cristianismo em religio oficial do Imprio Romano.
Assim, temos em um decreto poltico, um rumo histrico-social que quase todos conhecem, mas no questionam. E toma, em resumo, aps a oficializao pelo Imperador Constantino, o carter de disputas pelo poder poltico e econmico. Ou seja, Conclios desenham, ento, o modo de vida da humanidade crist que a influencia at hoje: Jesus se torna Deus, Deus se divide em 3, formando a Santssima Trindade; nasce a figura do demnio; a Igreja se torna a nica intermediria entre Deus e o homem; adquire justificativas santas para silenciar os inimigos; renascimento se transforma em ressurreio (tambm por decreto!); e assim estava se formando uma teologia onde tudo se adequava ao perfil da Igreja (interesses). Mais adiante, o Protestantismo faz a reforma, mas sai da mesma raiz e continua nas mesmas disputas e interesses ideolgicos.
E o que vemos hoje? A religio, como a poltica, atualmente, tornou-se um palco, um circo, um negcio muito lucrativo. Hoje j nem se fala tanto da Igreja Catlica, mestra antiga no que se refere sede de poder, ouro, corrupo, crime e falsidade, mas salta aos nossos olhos o "evangelismo", subdividindo-se continuamente em diverosas denominaes "evanglicas", em "pentecostais", "neopentecostais", s centenas, verdadeiras multinacionais, gerenciadas por estelionatrios e enganadores que assaltam a multides sofridas e sem discernimento. At certo ponto, como C. Marx tinha razo quando dizia ser a religio o opium do povo.
Mas a verdadeira educao est, aos poucos, mostrando a sua face. Mais cedo ou mais tarde, as Leis Divinas estaro acima das leis dos homens e dos "intermedirios" e "sbios" do divino. A evoluo no pra. A Verdade sempre ser a Verdade, mesmo que pervertida pelos homens. O Divino est acima dos interesses humanos, interesses disfarados de leis, de pregadores, padres, pastores, evangelistas, missionrios, dirigentes espritas "donos da verdade", monges, de "milagres" e de uma "iluminao" pela crendice instantnea.
Atualmente, h vrias correntes em torno do ideal chamando cristianismo, Jesus, cristo ou messias: a tradicional catlica romana, as ortodoxas, as protestantes (centenas), as judaico-messinicas, o espiritismo e os esoteristas cristos.
As catlicas, ortodoxas e protestantes a histria j tem demonstrado sua trajetria e interesses at os nossos dias. S uma cegueira hipntica, a tradio cega, o inconsciente coletivo, ou vida aps vida dentro dessas tradies, forjadas no medo e tortura, poderiam explicar a razo de uma continuidade da humanidade atrelada, ou melhor, acomodada em suas doutrinas e crenas.
As judaico-messinicas deram um grande passo. Um retorno s origens salutar. O problema, entretanto, continua quanto ao "ideal messinico" ou de "messias". a conhecida tendncia psicolgica de materializar o espiritual. Ou seja, "tomar a letra que mata pelo esprito que vivifica". O ideal de um messias que j veio (ou vir, para outros), foi cristalizado num homem. Esquecemos que o ideal messinico, que o prprio Jesus falava, individual. Cada um o receber no seu corao. No "algum" o ideal, mas um "estado crstico" que cada um chegar por evoluo. Esta a "redeno". A era messinica sempre esteve, est e estar aberta a cada um que buscar dentro de si o amor, as corretas relaes humanas, a reforma ntima; um novo sentido de vida, uma "converso", um redescobrir-se a si mesmo.
No espiritismo temos um caso interessante. Ele , em sua essncia, uma cincia e uma filosofia com consequncias morais e ticas, no religiosas como o entendemos por religio. Allan Kardec, como ocidental, referia-se s palavras de Jesus como sendo bons conselhos e ideais maravilhosos, dignos de serem seguidos, mas nunca codificou um cristianismo esprita, como querem no Brasil. O "igrejismo" esprita comeou, em terras brasileiras, com Bezerra de Menezes e Francisco Cndido Xavier, principalmente. E o povo, sem bases culturais e conhecimento do espiritismo clssico, filosfico e cientfico, e acostumados ao cristianismo vigente, logo adotou a postura crist. Por isso ouvimos no meio esprita expresses como: "Jesus o nico modelo e guia"; "espiritismo sem Jesus no espiritismo"; "no compreendo um espiritismo sem Jesus", e assim temos centenas de expresses similares. Provavelmente tudo isso seja efeito do que j me referi a cima, ou seja, inconsciente coletivo, memria gentica, vida aps vida, arqutipos, smbolos etc., que perduram na mente dos espritas encarnados e desencarnados, sendo que muitos destes ltimos foram clrigos catlicos. No espiritismo tambm h uma confuso entre Jesus e o "estado crstico" a ser atingido. Lgico, depois de praticamente dois mil anos de medo, tortura e condicionamentos, torna-se difcil enxergar mais nitidamente os fatos e muitas coisas temperam o espiritismo inconscientemente. E pesa-se ainda o fato de que a grande maioria dos espritas de origem catlica e protestante.
Temos ainda os "esoteristas cristos". So pertencentes a organizaes, ordens, fraternidades e escolas espirituais que tem suas origens mesmo antes da poca de Jesus. So cristos no verdadeiro sentido da palavra, pois tm a "cristo", a "essncia crstica" como objetivo de vida e doutrina. Consideram que Jesus atingiu esse estado e que falava disso aos seus contemporneos, incentivando-os a buscar o amor, o reino, a sabedoria, o arrependimento etc.
Assim, rapidamente para caber num artigo, busquei evidenciar o poder da mitificao que tornou um homem em um fato poltico-social, e a construo, cada um a seu modo e interesses, de toda uma histria que custou milhares de vidas, guerras "santas", discusses teolgicas, ideologias e desunio. Uma verdadeira aspirao de uma poca que se personificou num homem e que mais tarde foi transformada em um decreto poltico que veio a influenciar toda a histria e trajetria ocidental.
Finalizando, um pequeno conto indiano exemplifica, "mutatis mutandis", o que tentei expr acima. Um homem desejava livrar-se de todas as formas de ritos religiosos, deixando apenas a essncia da direta experincia da Verdade. Ele atraiu discpulos que costumavam se reunir a seu redor toda semana, quando ele falava a todos sobre seus princpios. Aps algum tempo, eles comearam a se reunir antes do mestre aparecer, porque eles gostavam de estar em grupo e cantar juntos. Eventualmente foi construda uma casa para as reunies, com uma sala especial para o mestre. Aps sua morte, tornou-se uma prtica entre seus seguidores fazer uma reverncia respeitosa para sala vazia, antes de se entrar no salo. Em uma mesa especial a imagem do mestre era mostrada em uma moldura, e as pessoas deixavam flores e incenso l, em respeito ao mestre. Em poucos anos uma religio tinha crescido em torno daquele homem, que em vida no praticava nada disso, e que, ao contrrio, sempre disse aos seus seguidores que ficar preso a estas prticas levava frequentemente a pessoa a se iludir no caminho da Verdade. (desconheo o autor)
Prof. Hermes Edgar Machado Junior
Algumas referncias e sugestes bibliogrficas:
- "Quatro Milnios de Existncia Judaica", Fritz Pinkuss, Revista de Histria (USP)
- "Jesus: uma biografia revolucionria", John Dominic Crossan, Ed. Imago
- "O Dogma de Cristo", Erich Fromm, Ed. Zahar
- "Origem e Evoluo da Ideologia", Oto Alcides Ohlweiler, Ed. Universidade
- "Sociologia Geral", Eva Maria Lakatos, Ed. Atlas
- "Quem Matou Jesus? As Razes do Anti-Semitismo", John Dominic Crossan, Ed. Imago
- "Saber Cuidar", Leonardo Boff, Ed. Vozes
- "A Psicanlise dos Contos de Fada", Dr. Bruno Bettelheim, Ed. Paz e Terra
- "Reviso do Cristianismo", J. Herculano Pires, Ed. Paidia
- "Filosofando: introduo Filosofia", Maria Lucia de Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins, Ed. Moderna
- "La Evolucin del Pensamiento Judo", Jacob Bernard Agus, Ed. Paids
- "Heresia: o jogo de poder das seitas crists nos primeiros sculos depois de Cristo", Joan O'Grady, Ed. Mercrio
O PODER DA IDEOLOGIA: UM DECRETO POLTICO QUE MUDOU A HISTRIA
Prof. HERMES EDGAR MACHADO JUNIOR (ISSARRAR BEN KANAAN) Temas relacionados espiritualidade universalista e ecltica, meditao, esperanto, hebraico, psicologia, filosofia, histria, arqueologia, naturismo e informtica (principalmente linux).