No tenho a inteno nesse texto de me aprofundar na discusso sobre a avaliao numa perspectiva classificatria, que objetiva julgar e punir os/as estudantes a partir de modelos prontos, estabelecidos e pontuais, como a prtica das provas, seleo dos melhores capacitados segundo a avaliao quantitativa e enfoque nos aspectos cognitivos, desconsiderando os demais saberes e inteligncias do sujeito.
A avaliao classificatria foi e permanece sendo bastante discutida por diversos estudiosos e tericos da rea educacional. Entendo que as mazelas desse processo de avaliao devem continuar, porque o eco forte e contagioso do reflexo e reproduo da excluso que o sistema capitalista provoca na maioria da populao, atravs das desigualdades de oferta de ensino de qualidade, do subemprego, das condies precrias de vida, enfim da miserabilidade, que nega do sujeito o direito a cidadania.
Quero propor aos educadores uma discusso sobre avaliao que elimina a falta de esperana, a ausncia de sonhos, a alegria de viver e aborta a alienao. Quero falar da avaliao que promove a vida, resgata a auto-estima, que leva o sujeito a acreditar na sua capacidade, viabiliza o dilogo, se preocupa com a aprendizagem, de como cada sujeito aprende e quais aprendizagens so fundamentais para sua vida.
Avaliao que respeita as experincias de vida de cada estudante, propicia a construo de saberes, possibilita a reflexo e anlise crtica acerca do mundo. Avaliao que emancipa, busca a promoo da liberdade, a conscincia crtica para o desvelamento do mundo possibilitando o (re) conhecimento de si e do outro, desperta sentimentos de solidariedade, respeito, companheirismo, porque neste processo a nfase no na competio, na seleo dos "ditos melhores" e quem no se integra a essa seleo so denominados "fracassados". O foco da avaliao libertadora a incluso, a amorosidade, o respeito e a crena na capacidade, no potencial de cada um respeitando a singularidade dos sujeitos.
Cabe ao professor explorar as habilidades e competncias dos/as estudantes, ter conhecimento das mltiplas inteligncias, compreenderem que h vrios aspectos na dimenso humana para serem explorados. A interveno contnua e permanente do professor fundamental e favorvel no processo ensino-aprendizagem, a avaliao bilateral, professor avalia aluno, este avalia professor e ambos se auto avaliam.
importante salientar que professores, coordenadores pedaggicos e gestores, profissionais que respondem pela organizao do trabalho pedaggico devem e precisam efetivamente estar num processo de formao contnua, para que seja possibilitado a reflexo na ao, sobre a ao, propiciando a auto-avaliao, avaliao da prtica pedaggica e do trabalho coletivo. O processo gradativo e lento, a maioria das escolas ainda est inserida num processo retrgado de avaliao, foram longos os anos enraizados na avaliao punitiva, preciso desaprender para aprender, abrir-se para novos caminhos, novas formas de ensinar, aprender e avaliar.
A escola deve ser espao de crescimento, prazer, enfrentamento, construo e conhecimento, desafios e superao. A adoo dessa concepo filosfica pedaggica e poltica de avaliao possvel a partir de uma nova abordagem de educao, de uma nova percepo, compreenso de ser humano e de sociedade. uma deciso poltica e pedaggica de conhecer, compreender quais so os objetivos da educao e os caminhos que devem ser percorridos para atender a classe desfavorecida, ou melhor, atender a maioria da populao, que ao longo dos anos teve sua voz sufocada.
Maria Ambia Viana Gomes, pedagoga, com especializao em coordenao pedaggica (UFAL), mestre em educao (UFAL). Coordenadora pedaggica de escola pblica da rede estadual de Alagoas, docente do curso de Pedagogia da FACIMA. (Artigonal SC #3244435)
