A pior solido que algum pode sentir a de no ter a si, estar distante de seu interior, de sua verdade, no saber quem . Quando no sabemos de verdade o que somos, o que queremos, nos sentimos perdidos e sozinhos. Ora, nem ns mesmos nos conhecemos, por conseguinte, no conseguimos saber ao certo o que somos e queremos, no somos companheiros de verdade da gente. No agimos seguindo decises e desejos autnticos, somos levados pela opinio dos outros, pela vida ou por valores que esto dentro de ns mas que a se instalaram vindo de fora, com nossa permisso, claro, mesmo que inconsciente, mas no representam nosso eu verdadeiro.
Algum nesse estado pode estar rodeado de gente que a ame, d apoio, compreenso, mas mesmo assim estar se sentindo s, muito, desesperadamente at. Uma solido que nada que vem de fora pode aplacar de verdade se algo no for feito pela prpria pessoa que se sente solitria.
muito ruim olharmos para dentro de ns e encontrarmos ideias confusas, valores duvidosos, falta de autoconfiana criada por mensagens incorporadas vida afora e pelo no conhecimento de nossa real identidade. Se eu no sei quem sou verdadeiramente, no me conheo, no sei me ajudar, me acompanhar, me amar.
Essa profunda solido, da ausncia do eu verdadeiro, provoca imensa instabilidade e dor. Muitos distrbios afetivos podem da advir, como a depresso, por exemplo. Quem passa ou passou por isso sabe como duro viver nessa condio. E s vezes nem todo o apoio externo a suaviza.
O caminho para resolver essa solido interior voltar-se para dentro, cada um em seu tempo, de seu jeito, s vezes procurando a orientao de algum habilitado, e tentar resgatar seu eu autntico, suas vontades, preceitos, qualidades e aptides que podem estar esquecidos l no fundo, encobertos por toneladas de elementos errneos, pensamentos exteriores de qualidade duvidosa e mensagens negativas que se permitiu que estacionassem no ntimo do ser.
Esse trabalho de autoconhecimento e redescoberta, de resgate do eu verdadeiro, nos aproxima mais de ns mesmos, de nossa verdade. Vamos nos achando de novo, percebendo o que temos feito que est ou no de acordo com o que realmente queremos e precisamos. Esse resgate, invariavelmente, faz com que reconheamos nossas verdadeiras qualidades, limites tambm (e esses conclumos se podem e devem ser superados, quando e como). Vamos limpando o interior do que no nosso e percebendo o que de bom temos, vamos reaprendendo a nos gostar.
Assim, comeamos a nos nortear novamente na existncia, mais seguros, mais senhores e companheiros de ns, mais centrados, com mais autorrespeito, autovalorizao. Nos amando e conhecendo mais, sabendo pelo que queremos lutar sinceramente; temos para onde olhar quando procuramos respostas e referncias: dentro da gente. Somos uma grande companhia e amizade para ns mesmos, no estamos mais ss. Quando tenho a mim, sinceramente, no me sinto s nem desorientado, Posso ficar confuso s vezes, mas sei como parar, refletir e encontrar o rumo novamente.
No me sentindo mais s, com falta de mim, posso perceber melhor a vida (e aprender melhor com a leitura que fao dela), seus acontecimentos, as pessoas a meu lado e o que tm de bom a me oferecer. Fico cada vez mais aberto e firme, melhor para viver minha relao comigo e as relaes interpessoais de todos os tipos (profissionais, familiares, afetivas, etc.). Fico cada vez mais distante da solido.
Auditora Fiscal da Receita Federal, Ps Graduada em Direito pela USP, Bacharel em Psicologia pela UNIMAR. Atua em diversas palestras, nacionais e internacionais na rea criminalstica, previdenciria, penal e civil.
Psicoterapia individual de crianas, adolescentes e adultos.