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A ESCRITA DOS ALUNOS NAS PROVAS DO ENEM: OS SENTIDOS E RESISTÊNCIA

Como iniciante a um trabalho de pesquisa cientfica e tomando por base conceitos de

alguns tericos que trabalham a escrita como sendo o lugar onde a sujeito e materializa na produo de sentidos(s), proponho-me a realizar uma investigao mais detalhada sobre a escrita enquanto processo de constituio dos sentidos e dos sujeitos. Este trabalho visa compreender, atravs de uma anlise discursiva da teoria do discurso, a produo de sentidos na escrita dos alunos, isto , de que forma se d a formao de um sujeito social na sua relao com a lngua escrita. sabendo, portanto, que a leitura, a escrita e a interpretao tem a ver com o sujeito e com a lngua, que pretendo desenvolver este projeto de pesquisa. Reconhecendo, que a escrita seja responsvel pelo processo de insero social, preciso uma prtica assdua de leitura e escrita nas instituies, pois, a escola a condio primeira para esse processo de insero social. Pois, quando a escrita de um aluno possui bons argumentos, consequentemente, possui sentido, possui seu valor. a partir da, que esse sujeito sente-se inserido na sociedade e nas relaes de sentido com outro. Ao contrrio disso, o aluno se sentir excludo dessas relaes de sentido, ficando margem da linguagem. Para tanto, tomarei as concepes de Auroux, uma vez que aborda a relao sujeito a lngua escrita, que vista tambm como uma questo de autoria. Segundo o terico, em seu trabalho intitulao "A Revoluo Tecnolgica da Gramatizao", o aparecimento da escrita representou uma das maiores revolues tecno-lingusticas. Isso porque, concomitantemente surgiram vrias reflexes sobre a linguagem, proporcionando o conhecimento de outras lnguas, outras culturas, etc. Portanto, a escrita como sendo o lugar onde o sujeito se marca enquanto funo-autor deve ser compreendida pelas escolas como um instrumento de institucionalizao dos ideais sobre a lngua.

do autor que se exige: coerncia, respeito s normas estabelecidas, explicitao, clareza conhecimento das regras textuais, originalidade relevncia e entre outras coisas, unidade, no contradio e progresso e durao de seu discurso, ou melhor, de seu texto. (ORLANDI, 2009, p.75-76).

Ou seja, a escrita pode auxiliar na posio em que o sujeito assume diante de questes sociais impostas. Por isso, ao escrever deve-se ter conhecimento do assunto abordado, da a originalidade do texto. Nas escolas, as produes textuais so recorrentes, e a partir delas percebe-se quo frgil o ensino da escrita que o Livro Didtico comporta em sua estrutura. Dessa forma, o aluno no consegue ter domnio de interpretao da sua prpria escrita. preciso desconstruir aquele uso mecnico do LD, pois a escrita, alm de ser um ato livre, tambm entender as relaes sociais e inserir o sujeito nessas relaes. E mais, a Anlise do Discurso possui autoria e o aluno como sujeito inserido na sociedade precisa escrever de uma posio de autor de seu texto. Funo-autor que Eni Orlandi destaca em seu livro "Anlise do Discurso: princpios e procedimentos" , portanto, uma funo discursiva do prprio sujeito. Pois, a funo que o "eu" assume enquanto produtor da linguagem, isto , produtor de seu prprio texto, (Orlandi 2009, p.75). E quando se fala em autor de seu prprio texto afirmar tambm que o sujeito constri, desse modo, sua prpria identidade como autor. Por isso mesmo a escrita a ferramenta primeira, na qual o sujeito se marca, ou melhor, se materializa enquanto funo-autor. O texto visto como um produto lgico do pensamento do autor. , portanto, uma atividade interativa. E a escola "o aparelho ideolgico" (Althusser, 1985) e precisa considerar a escrita como o espao de livre produo, na qual o sujeito dispor de argumentos e/ou discursos e criar um lugar de interao discursiva para se marcar atravs da lngua. Para tanto, preciso compreender que, entre outros, um dos objetivos da AD entender como o texto funciona como ele produz sentido e carregado de significaes, sendo, portanto, concebido enquanto objeto histrico. Se faz necessrio tambm compreender que o texto a relao consigo e com a exterioridade, isto , nas condies em que so produzidos e por isso mesmo, no depende apenas das intenes do sujeito. preciso considerar as condies prprias de produo, isto , o sujeito e situao, pois na relao entre lngua e histria que se produzem os sentidos. No h, pois evidncia do sentido. Este um efeito ideolgico, que no nos leva a criar condies de interpretao, sendo que no h sentido sem interpretao e diante de qualquer objeto simblico o homem levado a interpretar (Orlandi, 2009 p.45). Esta uma prtica simblica e estamos sempre produzindo sentido. A lngua , pois, algo que no cessa e est em constante movimento assim como o discurso. tambm um sistema capaz de ambigidades. E as palavras no tm um sentido ligado sua literalidade, pois o sentido sempre susceptvel tornar-se outro. E a linguagem nos leva, atravs de sua dimenso, desconstruir a ideia de que o sentido esteja na palavra. Dessa forma, convm destacar que objeto da AD assim palavra, em movimento, isto , prtica da linguagem.

A Anlise do discurso, como seu prprio nome indica, no trata da lngua, no trata da gramtica, embora todas essas coisas lhe interessem. Ela trata do discurso. E a palavra discurso, etimologicamente, tem em si a idia de curso, de percurso, de correr movimento. (ORLANDI, 1999, p.15.)


Essa noo de discurso que a AD internaliza para tentar compreender a produo de sentidos no discurso (oral ou escrito) de um determinado sujeito. Nota-se, portanto que o mais importante saber que a gramtica, como sendo um "amontoado de regras" tambm lhe interessa em seus estudos. Portanto, quando se trata de uma escrita inadequada, "incorreta", uma das possveis explicaes pode estar na forma como o livro didtico, instrumento de ensino mais comum nas escolas, trabalha a relao sujeito e lngua escrita. Pois, ao analisar os instrumentais de ensino, percebe-se com freqncia, o emprego de regras gramaticais como fundamental na estruturao dos textos, cujos efeitos so uma escrita bastante restrita em relao abrangncia do tema proposto, alm de grandes equvocos ortogrficos. Lembrando que estas so praticas mecnicas, desvinculadas do contexto scio-histrico de produo em que o aluno precisa estar inserido. Nesse sentido, a escola torna-se a instituio legtima para o desenvolvimento de uma poltica de leitura e escrita, capaz de suscitar no aluno o gosto pela produo. A escola tambm, enquanto instituio social, o lugar onde se deve promover algo que no seja encarado como uma pura reproduo de conhecimentos. (Orlandi, 1983).Nesse mbito, interessante ressaltar sobre a constituio do sujeito escolar relacionado aos instrumentos lingsticos, bem como a principal ferramenta que o permite se marcar enquanto sujeito: a escrita. E mais, o processo de constituio dos sujeitos e dos sentidos o efeito da relao entre lngua e histria. Portanto, a escola um espao de legitimao de discursos acerca das polticas de ensino no Brasil.

Buscarei, atravs da teoria da Anlise do Discurso formulada por Pcheux, na Frana e seus seguidores no Brasil, bem como Eni Orlandi, produzir uma interpretao da escrita dos alunos, que por sua vez, avaliada como inadequada perante as teorias gramaticais. A escrita para AD so os dizeres, carregados de historicidade e que levado a se significar e/ou marcar atravs da lngua. Por isso mesmo, a lngua est em constante relao com a ideologia e com a histria e somente atravs da lngua que se faz ver o processo de produo de sentidos, que por sua vez to importante para a AD. Geraldi (1993) afirma que "a produo de textos (orais e escritos) como ponto de partida (e ponto de chegada) de todo o processo de ensino aprendizagem da lngua". Isto significa dizer que no h um outro processo de insero na linguagem que no seja primeiramente, atravs de leitura e escrita assdua de textos. difcil, pois, pensar na escrita sem, ao mesmo tempo, pensar na leitura, pois esta no apenas uma questo de tudo ou nada. Ambas se constituem num mesmo processo, assim como o sujeito e o sentido. Processo esse, que faz com que o sujeito na posio de aluno estabelea construes prprias, redes de sentido, isto , produo. E mais, essa prtica transforma-os em sujeitos do discurso. Um percurso que faz compreender, pelas condies de produes prprias da histria, a formao discursiva e as discursividade que fazem funcionar tanto o imaginrio de escola quanto de lngua e de escrita nas polticas de acreditao do ensino no Brasil.

PETRI, (2005) afirma que pelo discurso que se luta para que no se institua uma "nica interpretao", um sentido literal. Dessa forma no se pode considerar a escrita dos alunos numa literalidade de sentido. Pois, atravs do discurso que se vai compreender como um material simblico produz sentido e como o sujeito se constitui. Sabe-se, pois, que o sentido nunca individual e a AD se detm precisamente no processo de produo de sentidos. O sentido no se fecha, ele marcado em sua incompletude, e assim a escrita. No h, pois escrita correta e ou incorreta. o no saber produzir (processo de produo) que entra em jogo, bem como a argumentao e o encadeamento de idias que s possvel com um prvio conhecimento do assunto. E o conhecimento de tal assunto tornar-se possvel se houver a prtica de leitura. A partir da, se constitui os gestos de interpretao. (Pcheux, 1997). Na perspectiva da AD, a linguagem , contudo, um elo de sentidos, quais esses gestos de interpretao so possveis, isto , so permitidos. Produzir argumentos de como se constri a escrita dos alunos uma questo que est inteiramente ligada a questes do ensino de lngua, bem como as diversidades lingsticas que permeiam o espao escolar. A escrita, como sendo o lugar de constituio do sujeito compreendida como o lugar de interpretao e produo de sentido(s).

Os procedimentos da Anlise do Discurso tm a noo de funcionamento como central, levando o analista a compreend-lo pela observao dos processos e mecanismo de constituio de sentidos e sujeitos, lanando mo da parfrase e da metfora como elementos que permitem certo grau de operacionalizao dos conceitos (ORLANDI, 2001, p.79).

Portanto, a principal dificuldade dos alunos que esto deixando o Ensino Mdio, e por sua vez, participando do Enem (Exame Nacional do Ensino Mdio) de que forma construir uma redao, isto , uma produo escrita, que envolva os critrios bsicos e que esto nas propostas de competncias do Exame Nacional. Considerando que o ENEM d crdito aos alunos que, realmente saibam fazer associaes e reflexes acerca das competncias lingsticas e no a alunos que tm apenas acmulo de informaes e no consegue distribu-las de acordo com cada competncia, que a escola precisa trabalhar o LD como um instrumento de prtica discursiva. E os instrumentos capazes de promover tudo isso a prtica constante de leitura e escrita. A escrita algo que ocorre a partir dessa uma formao discursiva. Entre aquelas competncias destacam-se algumas: dominar a norma culta da Lngua Portuguesa; selecionar; organizar; relacionar e interpretar questes que esto relacionadas lngua; demonstrar conhecimento dos mecanismos lingsticos para a construo da argumentao e por fim, compreender a proposta da redao e aplicar conceitos das vrias reas do conhecimento. Em meio a essas propostas, a escola tem como principal objetivo mostrar ao aluno a relao entre sujeito e lngua escrita. E esta uma questo importante para ser pensada: de que maneira o LD trabalha os aspectos relacionados linguagem. Pois muitas vezes, este apresenta questes meramente estruturais e que a lngua no consegue resolver, na qual expe apenas conceitos e regras e no apresenta realmente as diversidades e/ou variaes lingsticas, omitindo quase sempre o funcionamento da lngua, a partir da prtica recorrente de leitura e escrita, que vista por Auroux (1992) como uma "Revoluo no campo lingstico". Nesse sentido, o LD enquanto instrumento de ensino mais comum, possui uma historicidade, que est inteiramente ligada prpria histria do ensino escolar. Considerando, pois, essa colocao, evidente que possuem uma relao de interdependncia, isto , a escola considerada um espao de ensino-aprendizagem, de ensino de lngua, a partir daquilo que est internalizado no LD. As questes estruturalistas que o LD, em geral apresenta, reflete de maneira visvel na escrita desses alunos, causando o chamado efeito de apagamento do conceito, na qual, a gramtica expe a lngua a partir de uma estrutura, um sistema de regras, como se ela fosse algo acabado e que nada mais pudesse acrescentar-se a ela. Luis Francisco Dias define o chamado efeito de apagamento do conceito, exatamente para mostrar o que o LD insiste em ensinar aos alunos, e que na maioria das vezes, gera certa incapacidade lingstica quando se precisa produzir um bom texto. A respeito do que o LD apresenta, percebe-se que se segue uma regra, uma ordem, uma seqncia. Sabe-se, portanto que dessa forma no se alcana o conhecimento da lngua. preciso trabalh-lo considerando que os fatos gramaticais sejam tambm concebidos como fatos discursivos, isto , a escrita o funcionamento automtico da gramtica. Neste caso, o LD, tem por finalidade orientar o professor a uma reflexo moderna apresentada na gramtica. E a gramtica, por sua vez, deve ser entendida como um estudo da linguagem. O livro e a escrita so, pois, instrumentos necessrios num ambiente pedaggico, desde que sejam trabalhados a partir dessas consideraes. Segundo Auroux (1992) "a produo de gramticas ao longo da histria criou uma tecnologia intelectual, cuja fora e importncia transcendem o prprio campo de estudos da linguagem". Nesse sentido, percebe-se, quo inovadora e modificadora a gramtica na perspectiva de que vai alm do ensino da linguagem. Sartre afirma ainda, que a escrita um ato de liberdade. Escrever , pois, "essncia vital", algo que est intrnseco a nossa vida e ao nosso cotidiano. No h uma receita didtica para escrever. A escrita transcende tudo aquilo que diz respeito s regras. Por isso mesmo, um espao de livre produo. tudo o que diz respeito historicidade, memria discursiva, condies de produo, que se reorganizaro atravs do sujeito para produzir sentido. (ORLANDI, 2009). Diria em outras palavras que desvendar aquilo que esta encoberto, oculto. , contudo, desprender-se da realidade e se marcar atravs da escrita. Para os alunos do Ensino Mdio, produzir um texto algo quase impossvel de realizar. E uma tarefa que parece no pertencer mais ao contexto escolar, isso ocorre, exatamente por no saberem como desenvolver tal atividade. Essa prtica recorrente por que, na maioria das vezes, o professor impe essa atividade sem que os alunos reflitam a respeito de como tal tema ser abordado. Sendo assim, os alunos insistem em dizer que no sabem ou que detestam a atividade de produo textual. Entretanto, vlido dizer que a opo escolhida pelo professor em trabalhar tal tema tem implicao direta na produo de um texto, uma vez que se considera o ponto de vista de Sartre a respeito da escrita. Esse um dos problemas que recorrente e gera certa incapacidade na escrita dos alunos sabe-se, que para produzir um bom texto preciso que haja certo conhecimento sobre o determinado assunto e, consequentemente haver facilidade para a argumentao e desenvolvimento do texto. Por isso em dias atuais to difcil formar alunos competentes e que dominam a lngua, seja ela oral ou escrita. Muitas vezes, a prpria formao docente no possui capacidade suficiente para preencher as lacunas que o aluno precisa aprender. considervel dizer tambm a respeito do que houve na dcada de 70, onde se multiplicaram as escolas e obrigou-se que todos estudassem. A partir da surgiram todos os nveis sociais, isto , alunos de todas as classes sociais. Houve, portanto, certa aglomerao nas escolas e no ensino. Concomitantemente a esse fato, houve uma acelerao na formao docente, pois a demanda era muito grande. nesse perodo, que se pode dizer que houve uma decadncia na formao docente. Bethnia Mariani - Doutora em lingstica da UFF, em seu prefcio afirma que o aluno precisa desenvolver um pensamento crtico acerca de um assunto proposto, pois atravs de uma viso crtica que se produzem argumentos que sero reorganizados no momento de produzir um texto escrito. Para isso, se faz necessrio a prtica de leitura de textos cientficos e por conseqente praticar uma escrita acadmica, a fim de que os argumentos no sejam meramente estruturais, inscritos numa superficialidade e decadente de argumentao. O aluno precisa exercitar a prtica de produzir argumentos concretos e que possuam sentidos, no podendo, portanto, construir idias soltas, sem nexo, cuja fundamentao ser uma produo inscrita numa literalidade e esvaziada de sentido. Isso gera lugar de resistncia do sujeito, na qual a escrita ser marcada exatamente, pela ausncia de argumentos e/ou conceitos que produzam sentidos. Podemos, pois, analisar a escrita como uma tentativa de dar um sentido nico e claro a algo que foge a este sentido, e que, portanto, nunca ser simbolizado.Segundo a revista poca (8 de Maro de 2010) o hbito de leitura estimula a compreenso de um texto e incentiva a criatividade. Criatividade essa que repercutir-se na produo escrita. Segundo Orlandi (2005, p.37) "a criatividade implica na ruptura do processo de produo da linguagem, pelo deslocamento da regras, fazendo intervir o diferente, produzindo movimentos que afetam os sujeitos e os sentidos na sua relao com a histria e com a lngua". E a escola o "aparelho ideolgico" segundo Althusser, e tem papel fundamental no estimulo ao aprendizado. "Os dizeres so efeitos de sentido que so produzidos em condies determinadas" ORLANDI, (2005, p.30). Pois, o sentido no algo pr-determinado, isto , evidente na lngua. E a escrita, por ser um processo lingstico e nunca cessar de suas vrias possibilidades de acontecer tambm um arranjo de significantes para formar um sentido, sentido esse sempre inacabado. H, portanto uma srie de fatores que interviro para constituir o(s) sentido(s). na escrita, pois, que a lngua se revela em sua totalidade, tanto em conjunto de formas enquanto discurso que remete a uma relao intersubjetiva. Lembrando que uma boa escrita leva o indivduo insero social, elite. Sendo assim, a escrita d idia sistema (inverso) de valores, pois quem possui a facilidade de uma boa escrita, automaticamente se insere num outro patamar social. Em outras palavras como afirma Auroux (1992) a respeito da gramatizao. Segundo o terico foi um modo de a Europa, conhecer e, posteriormente, dominar o resto do mundo. A anlise do discurso estuda a lngua fazendo sentido, busca compreender como um texto significa e como seus possveis sentidos esto materializados pela lngua. Sendo, portanto, anlise dos funcionamentos discursivos que permeiam a produo de sentido. . Neste caso, o discurso a realizao concreta da fala, aquilo que se materializa da fala ao produzir um texto. Na perspectiva do discurso o texto o lugar de jogo de sentidos, de trabalho da linguagem, de funcionamento da discursividade. E em si tratando do discurso preciso que o sujeito se inscreva na linguagem e na histria para que haja discursividade, pois sujeito e sentido so determinados na e pela histria, isto , nunca so concebidos separadamente. (ORLANDI, 2002). A construo discursiva ocorre de forma diferente na oralidade e na escrita. A produo de sentido e diferente para ambas. Coracini (2001), afirma que um texto possui sempre sua heterogeneidade, isto , nunca igual, h sempre algo diferente, disforme, ambguo, incompleto, oculto, etc. Assim sendo, a constituio do sentido esta sempre ligada constituio do sujeito.A AD pretende ser uma teoria que aborda a determinao histrica do processo de significao, uma vez que problematiza a atribuio de sentido ao texto procura mostrar tanto a materialidade do sentido, quanto os processos de constituio do sujeito que instituem os funcionamentos discursivos de qualquer texto. A respeito da escrita GALLO (1992), afirma que, de fato, a oralidade e sua transcrio, por mais que possuam semelhanas em sua relao escrita, produzir sempre um sentido diverso, inacabado e ambguo, exatamente por no ter passado pelo processo de legitimao. E este efeito do sentido estar sempre marcado nos textos inscritos nessa prtica de oralidade. Os sentidos so produzidos de acordo com as formaes ideolgicas que esto no jogo do processo scio-histrico. Vale ressaltar que os sentidos no nascem no sujeito, mas por ele so atualizados. Por isso mesmo, a escrita o lugar onde o sujeito se marca enquanto funo-autor.

Para que o sujeito se coloque como autor, ele tem que estabelecer uma relao com a exterioridade ao mesmo tempo em que ele sem remete a sua prpria inferioridade: ele constri assim sua identidade como autor. Isto , ele aprende a assumir o papel de autor e aquilo que ele implica (ORLANDI, 2003, p. 79).

Produzir textos enfocando a questo da autoria, como forma de produzir informaes, tambm uma forma de deixar um espao livre para o ouvinte e possibilitando novas construes de sentido, pois como j foi destacado o sentido nunca fecha em si mesmo e est sempre susceptvel tornar-se outro. A escrita trabalha questes relativas subjetividade do autor do texto, auxiliando na formao crtica deste, quebrando a repetio de nico ponto de vista. A produo de texto possui um significado mais abrangente, uma vez que exige um trabalho de interpretao e traz como conseqncia a mobilizao de sentidos e a constituio do individuo em sujeito, isto , inserido na histria. Porm, no basta falar para ser autor. A questo de autoria implica a insero do sujeito no contexto histrico-social (ORLANDI, 2009, p.76).

O discurso pedaggico consiste na crena de que a escrita possui uma correspondncia direta e transparente com a oralidade ou, arcaicamente, a transcrio do pensamento e por esta razo, podemos afirmar que a escrita est reduzida a um "grafismo". Tudo se passa como se para escrever bastasse apenas grafar o que se fala ou se pensa (GALLO, 2002, p.95).

Assim, ao dizer o sujeito marca um gesto de significao. Pode-se dizer que escrever , pois, dar significao, isto , configurar as palavras. Percebe-se, portanto, que a escrita uma questo que est inteiramente relacionada lngua e deve ser considerada como um ato discursivo. Porm, recorrente que o LD, instrumento de ensino, insiste em ensinar questes relativas lngua a partir de regras. E isso uma prtica, que ocorre, inversamente, ao que deveria ser praticado. A escrita transcende tudo aquilo que diz respeito s regras, pois ela o uso automtico da gramtica. Sendo assim, a evidncia de sentido, a no argumentao, o no desenvolvimento, o esvaziamento e a literalidade de sentido, enfim a decadncia no ensino da escrita algo que est inteiramente relacionado lngua, isto , a instituio escola e o LD precisam recomear a prtica de leitura e escrita como atividade fundamental no ensino-aprendizagem no Brasil. A Escola a instituio legtima para desenvolver uma poltica de leitura e escrita. Nesse sentido, pretendemos compreender a relao entre as prticas propostas pelo LD e demais instrumentos e as atividades de lngua escrita propostas pelo ENEM. Um percurso que faz compreender, pelas condies de produo prprias da histria, a formao discursiva e as discursividades que fazem funcionar tanto o imaginrio de Escola quanto de lngua e de escrita nas polticas de acreditao do ensino no Brasil.

Referncias Bibliogrficas:

AUROUX, Sylvain. A Revoluo Tecnolgica da Gramatizao. Trad. Eni P.Orlandi. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 1992.

CORACINI, Maria Jos R. Faria; PEREIRA, Aracy Ernest. Discurso e Sociedade: prticas e anlise do discurso. Pelotas: ALAB/ADUCAT, p.137-155, 2001.

GALLO, Solange Leda. BALIEIRO, Clay Rienzo. Escrita e Surdez: uma proposta discursiva. In: Linguagem e escrita: referenciais para a clinica fonoaudiolgica. So Paulo: Plexus, cap5, p.93-109, 2002.

ORLANDI, Eni P. Discurso e texto. Campinas, SP: Pontes, 2001.

______. A linguagem e seu funcionamento, Ed. Brasiliense, So Paulo, 1983.

______. A Anlise do Discurso em suas diferentes tradies intelectuais: o Brasil, Ed. Claraluz, So Carlos, 2005.

______.Anlise do Discurso: princpios e procedimentos. 3. ed. So Paulo: Pontes, 2001.

______. A Anlise do Discurso: princpios e procedimentos, Campinas, SP: Pontes, 2009.

______.A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso. 4.ed. So Paulo: Pontes, 2003. 276p.

http://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/23219/2/tesemestjesuanafreitas000093843.pdf acessado em 24/082010.

http://busca.unisul.br/pdf/84933_Adriana.pdf

acessado em 02/09/2010.

http://www.uems.br/na/linguisticaelinguagem/atual/Arquivos/10 Olivia Couto.pdf acessado em 05/092010.

A ESCRITA DOS ALUNOS NAS PROVAS DO ENEM: OS SENTIDOS E RESISTNCIA


Por: Amilton Flvio Coleta Leal

Perfil do Autor

Acadmico da Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT (Artigonal SC #3292692)

Fonte do Artigo - http://www.artigonal.com/linguas-artigos/a-escrita-dos-alunos-nas-provas-do-enem-os-sentidos-e-resistencia-3292692.html
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