Inconfidência Mineira: Ideais Iluministas e a Luta pela Liberdade
Inconfidncia Mineira: Ideais Iluministas e a Luta pela Liberdade
Osmir Aparecido Cruz
1. O ILUMINISMO E SEUS IDEAIS
Em meados do sculo XVII, uma nova corrente de pensamento comeou a tomar conta da Europa defendendo novas formas de conceber o mundo, a sociedade e as instituies. O chamado movimento iluminista aparece nesse perodo como um desdobramento de concepes desenvolvidas desde o perodo renascentista, quando os princpios de individualidade e razo ganharam espao nos sculos iniciais da Idade Moderna.
No sculo XVII o francs Ren Descartes concebeu um modelo de verdade incontestvel. Segundo este autor, a verdade poderia ser alcanada inicialmente atravs de uma das habilidades inerente ao homem: duvidar (refletir): Descartes duvida de tudo que no pode ter certeza:
Suponha, ento, que todas as coisas que vejo so falsas; persuado-me de que nunca houve nada de tudo quanto minha memria repleta de mentiras representa; penso no ter nenhum sentido; creio que o corpo a figura, e extenso, o movimento e o lugar so apenas de fices de meu esprito. O que ento poder ser considerado verdadeiro? Talvez nada mais, a no ser que no h nada de certo no mundo (2005, p. 42).
Nesse mesmo perodo surgiram proeminentes estudos no campo das cincias da natureza que tambm iro influenciar profundamente o pensamento iluminista. Entre outros estudos destacamos a obra do ingls Isaac Newton. Por meio de seus experimentos e observaes, Newton conseguiu elaborar uma srie de leis naturais que regiam o mundo material. Tais descobertas acabaram colocando mostra um tipo de explicao aos fenmenos naturais independente das concepes de fundo religioso. Dessa maneira, a dvida, o experimento e a observao seriam instrumentos do intelecto capazes de decifrar as normas que organizam o mundo. O mtodo utilizado inicialmente por Newton acabou influenciando outros pensadores que tambm acreditavam que, por meio da razo, poderiam estabelecer as leis que naturalmente regiam as relaes sociais, a Histria, a Poltica e a Economia.
Um dos primeiros pensadores influenciados por esse conjunto de idias foi o britnico John Locke. Segundo a sua obra Segundo Tratado sobre o Governo Civil, o homem teria alguns direitos naturais como a vida, a liberdade e a propriedade. No entanto, os interesses de um indivduo perante o seu prximo poderiam acabar ameaando a garantia de tais direitos. Foi a partir de ento que o Estado surgiria como uma instituio social coletivamente aceita na garantia de tais direitos. No captulo "Do Ptrio Poder", John Locke escreve:
O objetivo do governo o bem dos homens o bem dos homens. E o que melhor para eles?Ficar o povo exposto sempre a vontade ilimitada da tirania, ou os governantes terem algumas vezes de sofrer oposio quanto exorbitam no uso do poder e o empregarem para a destruio e no para a preservao das propriedades? (1978, p. 59).
Essa concepo lanada por Locke incitou uma dura crtica aos governos de sua poca, pautados pelos chamados princpios absolutistas. No absolutismo a autoridade mxima do rei contava com poderes ilimitados para conduzir os destinos de uma determinada nao. O poder poltico concentrado nas mos da autoridade real seria legitimado por uma justificativa religiosa onde o monarca seria visto como um representante divino. Entretanto, para os iluministas a f no poderia interferir ou legitimar os governos.
No ano de 1748, a obra "Do esprito das leis", o filsofo Montesquieu defende um governo onde os poderes fossem divididos. O equilbrio entre os poderes Executivo,Legislativo e Judicirio poderia conceber um Estado onde as leis no seriam desrespeitadas em favor de um nico grupo. A independncia desses poderes era contrriaa do governo absolutista, onde o rei tinha completa liberdade de interferir, criar e descumprir as leis.
Essa supremacia do poder real foi fortemente atacada pelo francs Voltaire (16941778). Segundo esse pensador, a interferncia religiosa nos assuntos polticos estabelecia a criao de governos injustos e legitimadores do interesse de uma parcela restrita da sociedade. Sem defender o radical fim das monarquias de sua poca, acreditava que os governos deveriam se inspirar pela razo tomando um tom mais racional e progressista.
Um outro importante pensador do movimento iluminista foi Jean-Jacques Rousseau, que criticava a civilizao ao apontar que ela explora a bondade inerente ao homem. Para ele, a simplicidade e a comunho entre os homens deveriam ser valorizadas como itens essenciais na construo de uma sociedade mais justa. Entretanto, esse modelo de vida ideal s poderia ser alcanado quando a propriedade privada fosse sistematicamente combatida. Rousseau contraria a monarquia imoral, destacando a integrao do governo e governantes, que deveriam ter um mesmo modo de "pensar e sentir". No captulo VI do Livro Terceiro (C) do Contrato Social com titulo "Da Monarquia", Rousseau considera como princpio que o governante (prncipe) uma pessoa "moral e coletiva" e destaca:
Assim, vontade do povo e a vontade do prncipe e a fora publica do estado e a fora particular do governo, respondem todas ao mesmo mvel, todos os recursos da mquina esto na mesma mo, tudo caminha para o mesmo objetivo (1995, p. 80).
Esses primeiros pensadores causaram grande impacto na Europa de seu tempo. No entanto, de suma importncia destacar como a ao difusora dos filsofos Diderot e D'Alembert foram fundamentais para que os valores iluministas ganhassem tamanha popularidade. Em esforo conjunto, e contando com a participao de outros iluministas, esse dois pensadores criaram uma extensa compilao de textos da poca reunidos na obra "Enciclopdia".
Ao mesmo tempo, o iluminismo influenciou as monarquias nacionais que viam com bons olhos os princpios racionalistas defendidos pelo iluminismo. Essa adoo dos princpios iluministas por parte das monarquias empreendeu uma modernizao do aparelho administrativo com o objetivo de atender os interesses dos nobres e da burguesia nacional.
Os filsofos principais foram: John Locke (1632-1704): acreditava que o homem adquiria conhecimento com o passar do tempo atravs do empirismo; Voltaire (1694-1778): acreditava na liberdade de pensamento e no poupava crtica a intolerncia religiosa; Jean-Jacques Rousseau (1712-1778): acreditava na idia de um estado democrtico que garanta igualdade para todos; Montesquieu (1689-1755): acreditava na diviso do poder poltico em Legislativo, Executivo e Judicirio; Denis Diderot (1713-1784) e Jean Le Rond dAlembert (1717-1783): juntos organizaram uma enciclopdia que reunia conhecimentos e pensamentos filosficos da poca.
A apogeu deste movimento foi atingido no sculo XVIII, e, este, passou a ser conhecido como o Sculo das Luzes. Seu lema: Liberdade, igualdade e fraternidade. Tambm teve influncia em outros movimentos sociais como na independncia das colnias inglesas na Amrica do Norte e na Inconfidncia Mineira, ocorrida no Brasil, como veremos.
Para os filsofos iluministas, o homem era naturalmente bom, porm, era corrompido pela sociedade com o passar do tempo. Eles acreditavam que se todos fizessem parte de uma sociedade justa, com direitos iguais a todos, a felicidade comum seria alcanada. Por esta razo, eles eram contra as imposies de carter religioso, contra as prticas mercantilistas, contrrios ao absolutismo do rei, alm dos privilgios dados a nobreza e ao clero.
Os burgueses foram os principais interessados nesta filosofia, pois, apesar do dinheiro que possuam, eles no tinham poder em questes polticas devido a sua forma participao limitada. Naquele perodo, o Antigo Regime ainda vigorava na Frana, e, nesta forma de governo, o rei detinha todos os poderes. Uma outra forma de impedimento aos burgueses eram as prticas mercantilistas, onde, o governo interferia ainda nas questes econmicas.
No Antigo Regime, a sociedade era dividida da seguinte forma: Em primeiro lugar vinha o clero, em segundo a nobreza, em terceiro a burguesia e os trabalhadores da cidade e do campo. Com o fim deste poder, os burgueses tiveram liberdade comercial para ampliar significativamente seus negcios, uma vez que, com o fim do absolutismo, foram tirados no s os privilgios de poucos (clero e nobreza), como tambm, as prticas mercantilistas que impediam a expanso comercial para a classe burguesa.
O iluminismo dava importncia ao ensino educacional, pois atravs dele que surgiria seus adeptos multiplicadores. Procurava atravs do ensino e da difuso dos conhecimentos instruir o homem (iluminando-o) com a luz e sabedoria da cultura os princpios iluministas. Seus principais princpios eram: primazia da razo; confiana no processo das cincias e da instruo; afirmao d liberdade; esprito de tolerncia. Os meios de difuso eram: academias; enciclopdias; maonaria; clubes; cafs; sales; universidades;etc.
2. A INCONFIDNCIA MINEIRA E A LUTA PELA INDEPENDNCIA
No decorrer da historia do domnio portugus sobre o Brasil foram muitas as conspiraes, motins, revoltas e rebelies em praticamente todos os pontos do territrio colonial. Mas o primeiro movimento a realmente manifestar com clareza suas intenes de romper com os laos do colonialismo ocorreu em Vila Rica, na capitania das Minas Gerais, entre 1788 e 1789: Inconfidncia Mineira. Ao contrrio dos movimentos anteriores, que muitas vezes no passaram de reivindicaes mais restritas, a Chama Inconfidncia Mineira pretendia, sobre tudo, a independncia do Brasil em relao a Portugal.
importante esclarecer que o termo inconfidncia significa "quebra de fidelidade" (Melhoramentos, 2006), ou seja, traio confiana da coroa Portuguesa.
A populao de Minas gerais em 1776, excluindo os ndios, era superior a 300 mil habitantes, o que representava cerca de 20% da populao total da Amrica portuguesa e constitua a maior aglomerao da Colnia. Mais de 50% da populao era negra, integrada por africanos importados ou escravos nascidos no Brasil.
A cidade fervilhava de gente, cansados dos impostos cobrados pela Coroa portuguesa e da falta de liberdade, crescia o nmero de proprietrios de terras, padres, advogados e at funcionrios do governo que conspiravam para libertar o Brasil do domnio de Portugal. Era inevitvel que a primeira fagulha de incndio fosse declarada, pois tudo concorria para tal.
Vrios foram os motivos que determinaram o incio do movimento, reunindo proprietrios rurais, intelectuais, clrigos e militares, numa conspirao que pretendia eliminar a dominao portuguesa e criar um pas livre no Brasil.
O sculo XVIII foi caracterizado pelo brutal aumento da explorao portuguesa sobre sua colnia na Amrica. Apesar de o Brasil sempre ter sido uma colnia de explorao, ou seja, ter servido aos interesses econmicos de Portugal, durante o sculo XVIII, a nao portuguesa conheceu uma maior decadncia econmica, entendido principalmente pelos dficits crescentes frente Inglaterra, levando-a a aumentar a explorao sobre suas reas coloniais e utilizando para isso uma nova forma de organizao do prprio Estado, influenciado pelo avano das idias iluministas.
Como a produo do ouro continuava a diminuir, tornou-se comum o no pagamento completo do tributo e a cada ano a dvida tendeu a aumentar e a Coroa resolveu, em 1763, instituir a Derrama. No era um novo imposto, mas a cobrana da diferena em relao a aquilo que deveria ter sido pago. Essa cobrana era arbitrria e executada com extrema violncia pelas autoridades portuguesas no Brasil, gerando no apenas um problema financeiro, mas o aumento da revolta contra a situao de dominao.
Soma-se a isso as dificuldades dos mineradores em importar produtos essenciais como ferro, ao e mesmo escravos, produtos esses que tinham seus preos elevados constantemente.
vido de ouro, Portugal exigia grandes recursos humanos de sua colnia, para que fossem aplicados exclusivamente na minerao, proibindo o estabelecimento de engenho na regio das Minas e punindo severamente o contrabando e ouro e de pedras preciosas. Com isso, produzia o descontentamento dos mineiros e preparava inconscientemente uma conjurao.
No governo de Maria I tomou vrias medidas que estimulavam as rivalidades j existentes no Brasil entre Colnia e Metrpole.
O maior motivo de descontentamento do povo era a cobrana de impostos atrasados sobre a produo de ouro chamada de derrama. A ameaa da cobrana assustava proprietrios de terras e mineradores. Muitos iriam falncia ao pagar os impostos em atraso. Por isso, conspiravam-se, e muito. O domnio portugus estrangulava o dia-a-dia dos brasileiros.
No plano internacional de mudanas, importantes coisas estavam ocorrendo, novas idias aplicadas na pratica demonstravam que era possvel a libertao da dominao colonial, e nas colnias da Amrica muita gente sonhava em extirpar em sua terra a violncia, a opresso, a injustia.
Num clima de grande descontentamento com a Coroa portuguesa, um grupo de intelectuais, padres, donos de terras e mineradores de Minas Gerais, decidiu que era a hora de lutar para livrar o Brasil de Portugal. Para os historiadores atuais, o que eles realizaram foi uma conjurao, uma tentativa de conspirao em defesa do Brasil. Mas, como foram considerados traidores de Portugal, a sua luta acabou passando para a histria com o nome de Inconfidncia Mineira.
Tiradentes foi o grande agitador da conturbada revoluo. Um decidido e corajoso propagandista, numa poca em que os meios de comunicao eram precarissimos. Lutando para desencadear a revolta, Tiradentes apresentou-se como um revolucionrio radical, capaz de correr qualquer risco para enfrentar o sistema radical repressivo no qual vivia. No tinha nenhum poder, visto que sua riqueza era inexistente, no era nenhum poeta, ou grande terico, nem conhecia profundamente as obras clssicas de sua poca, mas era possivelmente o nico, dentre todos os conspiradores da Inconfidncia Mineira, que possua as qualidades de grande agitador, as condies para ser um lder popular expressivo, capaz de levantar o povo e lev-lo insurreio (BARROS, 1989, p. 5).
Nas palavras de Julio Jose Chiavenato, Tiradentes um personagem mpar na histria brasileira:
um personagem que cresce na desgraa, quando j no pode ter nenhum peso revolucionrio. verdade que era indiscreto, algo irresponsvel e de vida at certo ponto irregular. Mas, por ser o mais frgil dentre os inconfidentes, essas 'ms qualidades' aparecem nele como se fossem piores do que a corrupo e a venalidade dos outros conspiradores (1939, p. 82).
notria a clareza dos historiadores quanto o fato de ser Tiradentes um homem destemido e revolucionrio frente ao sistema repressivo no qual vivia. Descreve Maria Efignea e Lage de Resende:
No era um homem culto, possuidor de conhecimentos tericos sobre o pensamento poltico da poca. No entanto, sua curiosidade intelectual e interesse em encontrar solues praticas e rpidas para diversas situaes (...) A fala de Tiradentes, recolhidas em seu depoimento e nos demais rus e testemunhas, revela a presena de um revolucionrio radical, destemido, frente ao sistema repressivo do qual vivia, capaz de levar frente planos revolucionrios, correndo altos riscos (1983, p.53).
Tiradentes sempre negou a existncia de um movimento de conspirao, porm, aps vrios depoimentos que o incriminava, na Quarta audincia, no incio de 1790, admitiu no s a existncia do movimento, como sua posio de lder.
A devassa promoveu a acusao de 34 pessoas, que tiveram suas sentenas definidas em 19 de abril de 1792, com onze dos acusados condenados morte.Dos condenados, apenas Tiradentes foi executado, os demais tiveram a pena comutada para degredo perptuo por D. Maria I. O Alferes foi executado em 21 de abril de 1792 no Rio de Janeiro, esquartejado, sendo as partes de seu corpo foram expostas em Minas como advertncia a novas tentativas de rebelio.
No dia-a-dia Tiradentes provou possuir certa conscincia poltica da opresso da Metrpole portuguesa sobre a Colnia e capacidade de expressar na ao uma pratica revolucionria. No foi por acaso que, com o fracasso do movimento, ele tenha sofrido o pior castigo, o enforcamento e o esquartejamento. Tiradentes acreditava ter chegado a hora de nosso pas tornar-se independente.
Aps a morte, a figura de Tiradentes ficou esquecida, ou melhor, adormecida na memria do pas. Era retratado como louco, traidor ou como um homem sem qualquer importncia. No se aceitava que um simples alferes do Exercito tivesse comandado o movimento de libertao, enquanto havia no grupo homens letrados, intelectuais e ricos fazendeiros. Mas Tiradentes e seu grupo mostraram que era possvel sonhar com uma ptria brasileira. Depois deles, outras revoltas surgiram, os poderes da Coroa Portuguesa foi posto prova e se espalhou idia do direito independncia.
3. A INFLUNCIA DO ILUMINISMO NA INCONFIDNCIA MINEIRA
Tal foi influncia do iluminismo sobre o mundo, que serviu de base terica e motivacional para os adeptos ao movimento mineiro, que culminou historicamente a chamada Inconfidncia Mineira ocorrida em 1789.
O Iluminismo , para sintetizar, uma atitude geral de pensamento e de ao. Os iluministas admitiam que os seres humanos esto em condio de tornar este mundo um mundo melhor - mediante introspeco, livre exerccio das capacidades humanas e do engajamento poltico-social. Immanuel Kant , um dos mais conhecidos expoentes do pensamento iluminista, num texto escrito precisamente como resposta questo O que o Iluminismo?, descreveu de maneira a lapidar a mencionada atitude:
O Iluminismo representa a sada dos seres humanos de uma tutelagem que estes mesmos se impuseram a si. Tutelados so aqueles que se encontram incapazes de fazer uso da prpria razo independentemente da direo de outrem. -se culpado da prpria tutelagem quando esta resulta no de uma deficincia do entendimento mas da falta de resoluo e coragem para se fazer uso do entendimento independentemente da direo de outrem. Sapere aude! Tem coragem para fazer uso da tua prpria razo! - esse o lema do Iluminismo (KANT, 1784 apud http://pt.wikipedia.org/wiki/Iluminismo#cite_note-4. Acesso em 21/04/09)
O ideal Iluminista teve grande repercusso na Amrica; primeiro influenciando a Independncia dos EUA e posteriormente as colnias ibricas.
fato histrico que ao longo do sculo XVIII, tornou-se comum elite colonial, enviar seus filhos para estudar na Europa, onde tomaram contato com as idias que clamavam por direitos, liberdade e igualdade.
A. Souto Maiorescreve:
Os filhos de famlias importantes , em virtude da inexistncia de escolas superiores na sua terra, estudavam em universidades europias, onde recebiam influencias dos movimentos antiabsolutistas que sacudiam a Europa (1970, p. 217).
De volta a colnia, esses jovens traziam no s os ideais de Locke, Montesquieu e Rousseau , mas uma percepo mais acabada em relao crise do Antigo Regime, representada pela decadncia do absolutismo e pelas mudanas que se processavam em vrias naes, mesmo que ainda controladas por monarcas despticos. A Europa estava servindo de celereiros para os estudantes brasileiros, que no s aprendiam sobre a teoria iluminista, como tambm sentiam-se fortemente motivados a crescer em um pas mais justo e integro.
Em Coimbra e Montpellier estudavam os mineiros Jos lvares Maciel, Domingos Vidal e Barbosa e o carioca Jos Joaquim da Maia. fato que esse carioca, Maia, chegou entusiasmado ao Brasil devido a independncia norte-americana. Atravs de cartas dirigidas a Jefferson, ento Embaixador dos Estados Unidos na Frana, pediu-lhe apoio para o movimento de independncia do Brasil. Historiadores relatam que chegou a entrevistar-se em Nmes com o poltico, que prometeu-lhe apoio morale simpatia. Porm, Maia faleceu em Lisboa, quando se preparava para voltar o Brasil. Em uma das cartas mais famosas de Maia a Thomas Jefferson, o estudante brasileiro escreveu:
Sou brasileiro e sabeis que minha desgraada ptria geme em um espantoso cativeiro, que se torna cada dia menos suportvel, desde a poca de vossa gloriosa independncia, pois que os brbaros portugueses nada pouparam para nos tomar desgraados, com o temor que segussemos os vossos passos; ... estamos dispostos a seguir o marcante exemplo que acabais de nos dar... quebrar nossas cadeias e fazer reviver nossa liberdade que est completamente morta e oprimida pela fora, que o nico direito que os europeus possuem sobre a Amrica... Isto posto, senhor, a vossa nao que acreditamos ser a mais indicada para nos dar socorro, no s porque ela nos deu o exemplo, mas tambm porque a natureza nos fez habitantes do mesmo continente e, assim, de alguma maneira, compatriotas (www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=275. Acesso em 20/04/09).
A literatura do sculo era liberal e revolucionria, e embora os objetos fossem de severa censura por parte das autoridades portuguesas, um ou outro exemplarcontrabandeado da Europa chegava ao Brasil.
Na Frana, por sua vez, florecia o pensamento iluminista que logo alimentaria a Revoluo Francesa de 1789, contempornea da Inconfidencia Mineira. Essa integrao luso-brasileira s grandes correntes da histria ocidental foi chamada de "Internacionalizao do Brasil" (ARRUDA, PILETTI, 1997, p.131). Dois fatos notaveis se verificavam: a) Tomada de Conscincia. Um grupos de individuos que, sob a influncia da Revoluo Americana, colocou o foco de sua critica sobre todas as peas do antigo regime: colonialismo, absolutismo, relaces internacionais, religio e cultura. b) Opinio Pblica. Pela primeira vez na histria da colonia, comeava a se constituir uma opinio publica capz de asumir criticas em relao ao estado colonial. Essa opinio publica era formada por um circulo relativamente amplo de pessoas escolarizadas da elite e das classes sociais mdias. Eram estudantes, profissionais liberais, fazendeiros letrados, militares, portas, artistas, intectuais e religiosos.
Os inconfidentes acreditavam ser possvel atrair o apoio dessa opinio publica em gestao e, ao mesmo tempo, mobilizar as classes menos favorecidas para destruir o sistema colonial e instaurar uma Republica independente.
Uma das mais importantes e influenciadoras ao movimento da inconfidncia foi a Independncia das 13 Colnias inglesas na Amrica do Norte. Apoiadas nas idias iluministas, no s romperam com a metrpole, mas criaram uma nao soberana, republicana e federativa. A vitria dos colonos norte americanos frente Inglaterra serviu de exemplo e estmulo a outros movimentos emancipacionistas na Amrica ibrica, incluindo o Brasil. Um grande dissipador destas idias iluministas ao mineiros foi o cnego Luis Vieira da Silva e Joaquim lvares Maciel, que apareceram como conhecedores e divulgadores da historia de libertao das 13 Colnias inglesas. Maria Efignea e Lage de Resende (1983) relata que ambos contagiavam a sociedade atravs das conversas "apaixonantes"sobre os episdios do movimento de libertao, demonstrando satisfao pela vitria dos colonos ingleses. Alm dessas conversas, eram possuidores de uma vasta biblioteca sobre os pensadores liberais influenciadores do momento.
Mesmo no sendo um terico destacado, historiado que o alferes Tiradentes no se limitava aos contato com intelectuais de sua poca, atravs de conversao e discusso. Tiradentes andou pelas livrarias do Rio de Janeiro, em busca de obras que tratassem da independncia das 13 Colnias inglesas, procurava dicionrios de ingls e insistia com os conhecedores do idioma, para que traduzissem trechos dos livros que lhe interessavam.
Contudo, claro que a ideologia do movimento liberal, absorvida sobretudo, atravs da leitura dos autores franceses e transferidas para uma realidade colonial. As idias liberais foram assimiladas, sempre girando em torno de uma idia chave: independncia, ou seja, uma Republica de governo popular e livre.
Concluso
Infelizmente poucos brasileiros tm conhecimento, sobretudo, por no ler a nossa Constituio Brasileira. O Brasil como um Estado Republicano e Democrtico de Direito, possui uma Constituio que foi promulgada no ano de 1988, baseada nos princpios Iluminista. Tal princpio est explcito no art. 5, como tambm refletido no Direito Civil e Penal Brasileiro, ressaltando a Igualdade, Liberdade, Fraternidade, Propriedade, Segurana, e Vida, princpios esses, inerentes a pessoa humana e dos mesmos princpios da Revoluo Francesa. Est muito evidente tambm na diviso dos trs poderes: Executivo, Legislativo e Judicirio. De fato, no Estado Democrtico, cabe aos poderes criar polticas em benefcio da coletividade, como tambm fazer cumprir o direito individual, no esquecendo que em uma democracia o poder emana do povo. S depende de ns cidados brasileiros fazermos valer tais princpios constitucionais! Isto s ser possvel reivindicando, observando e exigindo o cumprimento de nossos direitos, executando assim nossos deveres como cidados comprometidos com as mudanas deste pas.
A Inconfidncia Mineira transformou-se num smbolo de resistncia para os mineiros. A exemplo disso: a Guerra dos Farrapos para os gachos; a Revoluo Constitucionalista de 1932 para os paulistas. Fato que a Bandeira idealizada pelos inconfidentes foi adotada como Bandeira oficial do Estado de Minas Gerais. A Inconfidncia foi fracassada, mas podemos consider-la como um exemplo da luta dos brasileiros pela independncia, liberdade e contra um governo injusto, que tratava sua colnia com violncia, autoritarismo, ganncia e injustia.
DISLOYALTY MINER : IDEALS ILUMINISTAS & THE STRUGGLE BY INDEPENDENCE
Abstract
The centuries XVII and XVIII are marked by countless important factors for the history and philosophy in whole world. It is in this period that there appear great philosophical currents and historical movements, that gave a new course for the humanity. In this period a so-called concept appeared in France iluminista. They provoked an intellectual revolution of the modern thought. His ideas were characterized for the given importance reason, so they were rejecting too many traditions. It was such to the influence of this movement, which served of like theoretical base and motivacional for the followers to the mining movement, which culminated historically the called Mining Disloyalty occurred in 1789.
Keyword: iluminismo, freedom, idealism, absolutism.
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Inconfidncia Mineira: Ideais Iluministas e a Luta pela Liberdade
Por:
osmir aparecido cruzPerfil do Autor
Graduado em Teologia pela Faculdade Teolgica Batista de Campinas (2003) e Filosofia pela Phnix - Faculdade de Cincias Humanas do Brasil (2008). Graduando-se em Histria pela Universidade de Santos (UNIMES). Ps-graduando em Filosofia Contempornea e Histria pela Universidade Metodista de So Paulo e Docncia do Ensino Superior pela Faculdade Phnix. Atualmente comandante da Guarda Civil Municipal de Vinhedo/SP (GCM) e tutor da Secretria Nacional de Segurana Pblica (Senasp) do curso "Violncia, Criminalidade e Preveno". E-mail: osmir.cruz@ig.com.br (Artigonal SC #3267143)
Fonte do Artigo -
http://www.artigonal.com/ensino-superior-artigos/inconfidencia-mineira-ideais-iluministas-e-a-luta-pela-liberdade-3267143.html
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