Welcome to YLOAN.COM
yloan.com » memorabilia » Não Abra A Porta
Gadgets and Gizmos misc Design Bankruptcy Licenses performance choices memorabilia bargain carriage tour medical insurance data

Não Abra A Porta

Author: Paulo Valena

Author: Paulo Valena

1

A noite est chegando.

As luzes dos edifcios acendem-se. O cu sobre estes se torna escuro-acinzentado, devido iluminao das lmpadas. Embaixo, os veculos circulam, um atrs do outro, na fila longa. Buzinas. Atritos de pneus nas pedras da avenida, tudo isso num som condensando, subindo.

- Mais uma noite se inicia.

Diz baixinho o homem gordo, baixote, na varanda do 8 Andar do prdio comercial, ao centro da cidade, com a ateno presa ao movimento dos automveis, motos e pedestres nas caladas laterais da avenida. At quando ainda presenciar o que v? Numa hora, tudo isso no mais existir. Sim, por que...

As batidas discretas na porta, anunciando algum. Quem ser? No avisou Graciete, sua secretria, que no mais receberia ningum? As batidas insistem.

- Porra!

Torna a falar, nervoso. Dar uma bronca na Graciete, para que ela no mais permita que algum venha lhe interromper no que faz ou no faz.

Cruza a sala em passos ligeiros. E abre a porta.

2

- Dr. Eduardo? Boa noite.

A jovem loura, esguia, de cabelos longos, afilada, bonita. A voz sensual, feminina. O que desejar?

A moa sorri, fitando-o com os olhos grandes, esverdeados, as covinhas nas faces, a mo esquerda segurando a ala da bolsa ao ombro, a outra mo de longos dedos correndo os cabelos que caem na testa.

- Sim. O que deseja a senhorita?

- Posso entrar um instantezinho?

A beleza feminina sempre o fascinou e agora, j maduro que sente a velhice se aproximando... parece-lhe que a atrao por mulher bonita cresceu, como se fosse o inconformismo ante a chegada da velhice e, como no permitir que essa jovem adentre em seu gabinete?

- Pode sim. Entre, por favor.

Ela passa. O perfume suave, de bom gosto dominando o ambiente e, com elegncia senta-se cadeira defronte do bir, o qual ele, Dr. Eduardo, ocupa e, espera.

Ela ento retorna a falar:

- O senhor conhece o novo plano de vendas do Morada do sossego?.

Mas, o que ser isso? No responde.

A jovem continua falando:

- Eu represento a companhia que lanou aqui na cidade o plano para que a famlia descanse os seus entes queridos...

Ele entende. Uma vendedora de jazigos. Contrariado, se contm. Calma, no pode se exasperar mostrar-se grosseiro, afinal a educao faz parte do comrcio, o trato com o prximo faz...

- O senhor est me ouvindo?

- Sim, claro claro.

Ela novamente sorri e repete o gesto de correr a mo sobre os cabelos finos, ondulados, louros.

L fora, da avenida embaixo, prosseguem com maior intensidade os sons dos veculos na hora do rush.

Cruzando a perna sobre a coxa longa, a recm-chegada sorri e se detalha para vender, prender o novo cliente que no a interrompe, fascinado pela carne dourada das pernas expostas.

-... O senhor est interessado em assinar o nosso plano?

- Deixe-me v as clusulas.

- Pois no.

Ento os dedos bem-cuidados entregam-lhe o papel e entre ambos paira o silncio que antecede a venda realizada e a vitria da beleza da desconhecida.

- Tudo bem. Onde assino?

3

Os homens se deparam com a moa com o rosto do lado esquerdo cado sobre a mesa de trabalho, os olhos duros, a boca semi-aberta, a palidez amarelada da morte banhando-a e...

- Cara v isso aqui.

O outro sujeito magro, moreno, se avizinha curioso:

- Que Pequeno?

Este mostra em gesto com a mo aberta o que lhe desperta a ateno:

- A no lado do pescoo, nessa parte de cima (a outra est apoiada ao forro do bir) os dois furinhos.

- Sim? E o que tem isso?

- No percebe? Ela, como que foi mordida por um bicho. V: os buraquinhos ainda sangram.

Nestor fita, perplexo, entendendo-o.

O que realmente ter acontecido a essa coitada moa, atacada por um animal, que aps o ataque lhe sugou o sangue? Sim, porque essa palidez amarelada...

- Tou vendo, Pequeno. Algo ruim a mordeu, mas...

Prtico o colega se afasta:

- Vamos ver o outro morto, o chefe dessa moa, o diretor.

Cruzam a salinha e adentram na outra espaosa, com quadros nas paredes, o bir ao centro e, com o rosto cado para trs, no espaldar da cadeira alta, o senhor gordo parece dormir, no seu descanso eterno.

- Pequeno observa: os mesmos furinhos paralelos.

- isso a. O que se conclui que o nosso bicho (ou seja, l o que for) tambm atacou o homem...

- Mas, o que ter ocorrido de fato?

Nestor sorri e, gracejando:

- Cabe a ns, como policiais, descobrir.

O corpo tambm de cor amarelada, os olhos na perlexidade do ataque inesperado. A boca meio-aberta. As misteriosas perfuraes...

- cada uma que acontece nessa vida da gente!

- Com o laudo se descobre tudo, colega.

Silenciam. Intrigados. Pensativos.

Pela porta aberta alm da varanda, da avenida embaixo, sobe o som dos carros, motos e buzinas cruzando-se, enquanto no cu, a luz do novo dia cintila, envolvendo as construes.

Cintila, como se nada houvesse ocorrido, afinal, tudo continua, nada pra, a marcha do mundo prossegue.

Discando o celular, Pequeno espera.

- Sim, ele mesmo. Pode chamar a turma que o negcio aqui t muito feio. bronca!

Ao lado, Nestor com a mo trmula acende o cigarro.

4

As batidas discretas, cadenciadas na porta.

- Quem danado ser?

Indaga-se o coroa negro, alto, magro e, curioso, aproxima a face do olho mgico ao centro da porta. E v a jovem de rosto afilado, olhos esverdeados, de longos cabelos louros, a bolsa presa ao ombro, s pernas exibidas pela minissaia.

Como rejeitar a essa beleza exposta, como se estivesse vivendo num sonho? Ento, abre a porta.

- Sim?

- Posso dar uma palavrinha com o senhor?

A voz dengosa, sexy, o sorriso de covinhas nas faces coradas. Como resistir a beleza dessa criatura? Mais uma vez se indaga, fascinado ante a repentina cena da bela mulher.

- Pode entrar, faz favor.


- Obrigada.

A porta fechada e... Acontece.

Novamente acontece.About the Author:

Paulo Valena autor de livros de contos e romances, com premiaes nacionais. verbete em dicionrios biobibliogrficos de escritores contemporneos. Pertence a vrias instituies literrias. Est presente em diversos sites, na internet. Vive em Recife/PE.
O Abraço De Ana Paula How to Heal Temporary Shoulder Nerve Pain Where Can I Locate Criminal Records At No Cost To View Someones Criminal Past Life is not a bed of roses Seis Ventajas De Los Ecológicos Frente A Otro Tipo De Regalos Full Version Of RegCure For Free ? - Useful Information ! Visit India Tour & Travel - Tourism And Industrial Development Company Twist On Tradition: Celebrating The Blues Literary Translation and Different View Points or Theories How to import mpg (mpeg-1, 2, 3, 4) file into FCP(Final Cut Pro)? Pass4side 000-704 Questions and Answers The Outclassed Tickets At Low Prices For You The Last Parties Of Being Single
print
www.yloan.com guest:  register | login | search IP(216.73.216.250) California / Anaheim Processed in 0.019444 second(s), 7 queries , Gzip enabled , discuz 5.5 through PHP 8.3.9 , debug code: 153 , 6596, 870,
Não Abra A Porta Anaheim