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O Alemão, A Ética E O Pré-Caju

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Author: . Nascimento" href="http://www.articlesbase.com/authors/nelson-jos-s.-nascimento/317499.htm">Nelson Jos S. Nascimento

Vamos falar de Pr-Caju. Festa transplantada da Bahia (da Bahia no, de Salvador. De Salvador tambm no, de Feira de Santana), que acontece em Aracaju anualmente quinze dias antes do carnaval e fez o desfavor de enterrar momentaneamente o incipiente, mas popular e pblico, carnaval de rua da capital. Conheci aquela manifestao ainda no vero de 1992, quando seu nico palco de atuao era os poucos metros da orla da praia da Atalaia e o rpido aborrecimento consistia na perturbao da ordem em pequeno trecho de hotis e bares durante o dia. No era nada, apenas um aglomerado de banhistas, no muito cientes de si, que acompanhava a estridncia de um pequeno trio eltrico que tocava toda pela avenida Santos Dumont, em plena tarde de domingo. Havia at o senso comum de que se tratava de uma iniciativa meritria, pois entretinha turistas e levava embora da praia os duristas (Salve Coron Vev!). Naquela poca pensava-se que a coisa no passava de mera brincadeira inocente a arrastar meia dzia de bebuns orla afora, aps uma manh de praia. Contudo, o mais grave que persistiam subjacentes os custos para animar este bulcio aparentemente gratuito. Por isso, no tardou brotar em mente prolfica a idia de transformar esta inconseqncia em comemorao folclrica, inserindo-a no calendrio festivo municipal, com direito a paralisao do comrcio regular, ponto facultativo para o funcionalismo municipal, desordenamento do trnsito de boa parte da cidade e o diabo a quatro. Tudo com intuito prevalente de retorno do capital previamente investido e, sobretudo, lucro para os autores do negcio. A tradio popular que se lascasse! No entendi at hoje como uma festa particular, transplantada de outro Estado, conseguiu impor-se to rapidamente como hipottico costume permanente de um povo. Esta mesma opinio tambm partilhada por meu amigo Hans Dietrich, com quem mantenho dilogos freqentes sobre comportamentos scio-culturais. Professor de Cincia Poltica da Universidade de Munique, admirador e profundo conhecedor de Brasil, nas horas vagas palestra sobre Semiologia por toda Europa. Este alemo, fugindo dos rigores do inverno de sua terra, algumas vezes veio dar com os costados em Sergipe e teve oportunidade de conhecer e acompanhar a evoluo do Pr-Caju. Em diversas ocasies conversamos longamente a respeito da natureza sociolgica deste evento, sua simbologia dentro dos usos e costumes de Aracaju e seus desdobramentos culturais e ticos. Ao final de cada encontro sem chegarmos a definies aceitveis - ele apenas abanava a cabea e confidenciava no dispor de cultura suficiente para entender e estruturar um conceito sociologicamente lcido sobre a festa. Alis, suas confessas dificuldades intelectuais no se restringem apenas ao Pr-Caju, elas se estendem tambm a outras invencionices eminentemente tupiniquins, como ponto facultativo, lei que no pega etc. - mas isso assunto para outras reflexes. Dentre outras coisas, Hans encasquetou em tentar descobrir quais as origens culturais deste suposto folguedo. Confessou-me que, pela primeira vez em anos de estudos, deparava-se com uma manifestao sem bero popular, carente dos atavismos caractersticos de um folclore e claramente no inserida na cultura popular tradicional dos residentes. Concordei com sua opinio e firmei que a conseqncia mais funesta das repetidas edies do nosso Pr-Caju foi a completa extino da comemorao do carnaval em Aracaju. Concertamos que, infelizmente, este desvario levou a termo um verdadeiro clssico dos festejos populares. E com ele se foi tambm a lembrana dos signos e simbolismos religiosos representativos de sua distino. Desfiles suntuosos deram lugar a ajuntamentos confusos e violentos, onde quem tem um pingo de juzo no se arrisca a entrar. Fantasias luxuosas, inspiradas em carnavais da Paris do sculo XIX, foram substitudas por trapos miserveis e camisetas extremadas de propaganda variada que o vulgo erroneamente insiste em chamar de "abad", pagando para enverg-lo. Finaram o carnaval de rua na capital de Sergipe, conclumos. Ainda em nossas tertlias, certa vez ventilamos o assunto sobre a falta de planejamento oramentrio e prestao das contas pblicas sobre a festa. Ele argumentou que o fato de ser um evento particular, mas que utiliza muitos servios pblicos, obrigava os gestores municipal e estadual a informarem populao, com antecedncia, de que fontes retirariam o dinheiro para custear tais servios, esclarecendo ainda no haver outros projetos de investimento mais urgentes e importantes para coletividade, onde poderiam ser aplicados estes mesmos recursos. Tentei contra-argumentar dizendo que a prefeitura se reembolsava alugando parte do espao pblico no chamado corredor da folia a ambulantes e incrementava consideravelmente o volume da arrecadao do ISSQN, cobrado ao trade turstico. No houve jeito! Com seu raciocnio tico, Hans avaliou que por a a coisa se complicava um pouco mais, e fez os seguintes questionamentos: Quando foi a ltima vez que o prefeito prestou contas do Pr-Caju, oferecendo populao balano contbil do que foi arrecadado e do que foi de fato despendido? Calei-me e ele prosseguiu: Por acaso o amigo tem notcia se a arrecadao da taxa cobrada aos camels pela ocupao do solo bastante para cobrir, ao menos, a despesa pblica de coleta de lixo de um dia nesta mesma rea? O companheiro foi informado - ou faz idia - de quantos homens/horas so empregados e pagos pelo Estado: a) nas fiscalizaes e certificaes prvias das estruturas montadas, do acondicionamento e manipulao de alimentos e bebidas e descarte dos seus resduos e b) nos sistemas integrados de policiamento (trnsito includo), busca/salvamento, urgncia/emergncia mdica etc.? Enfim, quanto custa ao cidado sergipano a sobrecarga extra nos servios pblicos e qual o montante que entra no errio do Estado e do municpio, vinculados ao festejo? Para maior embarao, Hans fez questo de me lembrar que o Estado, como ente poltico, por si s no produzir riqueza alguma, no gera um nquel sequer. Ento, como no cria novos servios ou contrata pessoal adicional exclusivamente para os trs dias de Pr-Caju, o governo pressiona a estrutura dos servios em funcionamento e esgota, em determinado momento, sua to debilitada capacidade plena de resposta s demandas por sade e segurana pblica em todo Estado. Ao utilizar servidores e materiais dos quadros e estoques existentes ao extremo, aplicando boa parte deles diretamente em folia particular, o Estado-governo transfere indevidamente para iniciativa privada bens e servios escassos e finitos, sem que haja qualquer controle ou transparncia neste ato. Prosseguindo, ele enfatizou que se tratava de um erro primrio de gerenciamento dos recursos pblicos, podendo ser indicativo de duas situaes ignominiosas: ou os governos, tanto estadual quanto municipal, tm capacidade de melhorar efetiva e permanentemente a prestao dos servios pblicos e no o fazem sabe-se l o porqu; ou esto exaurindo, de forma pontual, tais recursos, deixando a descoberto os demais cidados que deles necessitam diariamente, posto inexistirem meios correntes de reposio imediata. Ambas as condies so prejudiciais aos interesses dos contribuintes e denotam extrema inaptido ou m vontade na gesto. Com minha apertada lucidez, tentei faz-lo ver que a natureza do brasileiro assim mesmo. um povo festeiro que se importa menos com as questes intrnsecas cidadania e tica no trato com o pblico e com a coisa pblica, que com o Circenses (sem o Panis) falsamente gratuito. Continuamos conversando...About the Author:

Policial Federal aposentado, atuou na rea de Inteligncia Criminal nos Estados de Alagoas, Bahia, Sergipe, Amazonas, So Paulo e Distrito Federal.

Ex-Assessor Especial da SSP/SE para formulao de polticas pblicas de defesa social de mdio e longo prazos.

Atualmente Consultor de ERM e Inteligncia Corporativa.
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