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DO dialogismo pensado por Bakhtin

O dialogismo pensado por Bakhtin

O dialogismo pensado por Bakhtin

A lngua um elemento de comunicao e interao e em seu uso real, tem a propriedade de ser dialgica.

Todos os enunciados no processo de comunicao, independentemente de sua dimenso, so dialgicos. Neles, existe uma dialogizao interna da palavra, que perpassada sempre pela palavra do outro, sempre e inevitavelmente tambm a palavra do outro. O enunciador, para constituir um discurso, leva em conta o discurso de outrem, que est presente no seu. Todo discurso atravessado, pelo discurso alheio. Nenhum discurso s meu sempre tem a voz do outro. Portanto, o dialogismo as relaes de sentido que se estabelecem entre dois enunciados.

A realidade apresenta-se para ns sempre semioticamente, ou seja, lingisticamente.

No h nenhum objeto que no aparea cercado, envolto, embebido em discursos. Todo discurso que fale de qualquer objeto no est voltado para a realidade em si, mas para os discursos que a circundam. Toda palavra dialoga com outras palavras, constitui-se a partir de outras palavras, est rodeada de outras palavras, um discurso constitui-se a partir do outro.

Para Bakthin, no so as unidades da lngua que so dialgicas, mas os enunciados. Os enunciados so unidades reais de comunicao. Os enunciados so irrepetveis, uma vez que acontecimentos nicos, cada vez tendo um acento, uma apreciao, uma entonao prpria.

O autor mostra que a fonologia, a morfologia ou a sintaxe no explicam o funcionamento real da linguagem. Cria ento, a translingstica, que teria como objeto o estudo dos enunciados, o que significa dizer o exame das relaes dialgicas entre eles, dado que so necessariamente dialgicos. Bakhtin tinha em mente construir uma cincia que fosse alm da lingstica, examinando o funcionamento real da linguagem em sua unicidade e no somente o sistema virtual que permite este funcionamento. O objeto da translingustica so os aspectos e a forma das relaes dialgicas entre os enunciados e suas formas tipolgicas.

O enunciado a rplica do de um dilogo, pois cada vez que se produz um enunciado o que se est fazendo participar de um dilogo com outros discursos.

O que constitutivo do enunciado que ele no existe fora das relaes dialgicas. Nele esto sempre presentes ecos e lembranas de outros enunciados, com que ele conta, que ele refuta, confirma completa, pressupe e assim por diante.

Os enunciados tm autor. Por isso, revelam uma posio. Ao ganhar um autor, torna-se um enunciado e significa que a pessoa que o pronunciou est rendendo-se. O Enunciado, entretanto, sendo uma rplica, tem um acabamento especfico que permite uma resposta.

As unidades da lngua no so dirigidas a ningum, ao passo que os enunciados tm um destinatrio. Quando a palavra assumida por algum e ganha um acabamento especfico ela se converte em enunciado e, portanto, passa a ser dirigida a algum. As unidades da lngua so neutras, enquanto os enunciados carregam emoes, juzos de valor, paixes. Elas sendo entidades potenciais, tm significao, que depreendida da relao com outras unidades da mesma lngua ou de outros idiomas. Os enunciados tem sentido, que sempre de ordem dialgica.

Todo enunciado dialgico. Portanto, o dialogismo o modo de funcionamento real da linguagem, o princpio constitutivo do enunciado. Todo enunciado constitui-se a partir de outro enunciado, uma rplica a outro enunciado. Portanto, nele ouvem-se sempre, ao menos, duas vozes. Mesmo que elas no se manifestem no fio do discurso, esto ali presentes.

Um enunciado sempre heterogneo, pois ele revela duas posies, a sua e aquela em oposio qual ele se constri. Ele exibe seu direito e seu avesso.

Os enunciados so sempre o espao de luta entre vozes sociais, o que significa que inevitavelmente o lugar da contradio. O que constitutivo das diferentes posies sociais que circulam numa dada formao social a contradio.

Todos os fenmenos presentes na comunicao real podem ser analisados luz das relaes dialgicas que os constituem.

Todo enunciado se dirige no somente a um destinatrio imediato, cuja presena percebida mais ou menos conscientemente, mas tambm a um superdestinatrio, cuja compreenso responsiva, vista sempre como correta, determinante da produo discursiva. A identidade deste superdestinatrio varia dentro das instituies que se fala sobre isso, portanto os enunciados so sociais.

O sujeito bakhtiniano no est completamente dominado aos discursos sociais, ele nico e tem um espao para a individualidade.

Ento o primeiro conceito de dialogismo diz respeito ao modo de funcionamento real da linguagem: todos os enunciados constituiem-se a partir de outros. Neles, atuam foras centrpetas e centrfugas em busca de centralizar o enunciado do plurilinguismo da realidade; estas buscam erodir, principalmente se contrape com o riso, essa tendncia centralizadora.

Com os conceitos de foras centrpetas e foras centrfugas, Bakhtin desvela o fato de que a pluralidade de vozes est submetida ao jogo de poder. Elas tm uma dimenso poltica, uma vez que as vozes no circulam fora do exerccio do poder: no se diz o que se quer, quando se quer, como se quer.

Falar em dialogismo constitutivo pensa-se em relaes com enunciados j constitudos e, portanto, anteriores e passados. No entanto, um enunciado se constitui em relao aos enunciados que o precedem e que o sucedem na cadeia de comunicao. Um enunciado solicita uma resposta, uma resposta que ainda no existe, seja ela uma concordncia ou uma refutao.

O Interlocutor sempre uma resposta, um enunciado e por isso, todo dialogismo so relaes entre enunciados.

O segundo conceito de dialogismo trata-se da incorporao pelo enunciador da voz ou das vozes de outro (s) no enunciado. Nesse caso, o dialogismo uma forma composicional. So maneiras externas e visveis de mostrar outras vozes no discurso ( marcado no texto, tem intertextualidade).

O dialogismo vai alm dessas formas composicionais, ele o modo de funcionamento real da linguagem, o prprio modo de constituio do enunciado.

H duas maneiras de inserir o discurso do outro no enunciado:

a) O discurso alheio abertamente citado e nitidamente separado do discurso citante, o que Bakhtin chama discurso objetivado;

b) bi vocal, internamente dialogizado, em que no h separao muito ntida do enunciado citante e do citado.

No primeiro caso, existem: discurso direto (aspas, travesses, verbos introdutores), discurso indireto (verbos introdutrios, conjugaes integrantes), aspas, negao. O segundo pode ser exemplificado pela pardia, pela estilizao (afirmam a mesma coisa), pela polmica clara ou velada, pelo discurso indireto livre.

No discurso alheio demarcado, h vozes nitidamente demarcadas no discurso, pelo discurso direto e discurso indireto. Pelas aspas que servem para demarcar o discurso do outro. Pela negao, onde duas vozes se confrontam. O discurso do outro demarcado por contornos exteriores bem ntidos.

Em todos estes casos, h uma demarcao clara das vozes, por meio de fronteiras lingsticas claras.

No discurso alheio no demarcado no temos demarcaes ntidas entre as vozes. Elas misturam-se, mas, apesar disso, so claramente percebidas. Atravs do discurso indireto livre, onde h duas vozes no texto: A tcnica usada pelo narrador para mostrar o que a personagem

estava pensando. Nessa forma de citao do discurso alheio, misturam-se duas vozes. No h indicadores como os dois pontos e o travesso do discurso direto ou a conjuno integrante do discurso indireto para demarcar nitidamente onde comea a fala do narrador e onde inicia a da personagem.

Tambm pela polmica clara que o afrontamento de duas vozes que polemizam abertamente entre si, cada uma delas defendendo uma idia contrria da outra, pela polmica velada onde se percebe na construo discursiva que h duas vozes em oposio, pela pardia que uma imitao de um texto ou de um estilo que procura desqualificar o que est sendo imitado, ridiculariz-lo, neg-lo. O Sentido do poema parodiante contrrio ao do parodiado, pela estilizao que a imitao de um texto ou estilo, sem a inteno de negar o que est sendo imitado, de ridiculariz-lo, de desqualific-lo. Na estilizao as vozes so convergentes na direo do sentido, as duas apresentam a mesma posio significante e pelo estilo que o conjunto de procedimentos de acabamento de um enunciado. Portanto, so os recursos empregados para elabor-lo, que resultam de uma seleo dos recursos lingsticos disposio do enunciador. Isso significa que o estilo o conjunto de traos fnicos, morfolgicos, sintticos, semnticos, lexicais, enunciativos, discursivos, etc., que definem a especificidade de um enunciado e, por isso, criam um efeito de sentido de individualidade. O Estilo o conjunto de particularidades discursivas e textuais que cria uma imagem do autor, que o que denominamos efeito de individualidade. Os imitadores, os que parodiam os falsificadores em pintura, os covers, etc. "copiam" exatamente esse conjunto de traos, o estilo daquele que imitado, falsificado, etc. "O estilo o prprio homem". O estilo resultante de uma viso de mundo. Assim como a cosmo viso estrutura e unifica o horizonte do ser humano, o estilo estrutura e unifica os enunciados produzidos pelo anunciador.

Para Bakhtin, o estilo define-se dialogicamente, o que quer dizer que ele depende dos parceiros da comunicao verbal, dos discursos do outro. O estilo constitui-se em oposio a outros estilos.

Se o estilo constitutivamente dialgico, ele no o homem, so dois homens, se cria pelas relaes dialgicas. Como qualquer enunciado, ele revela o direito e o avesso. O estilo um dos componentes do gnero. H, assim, um estilo do gnero e, dentro do gnero, podem aparecer os estilos que criam os efeitos de sentido de individualidade.

Ainda temos a intertextualidade introduzida no universo bakhtiniano por Jlia Kristeva, na revista Critique em 1967, este conceito est dentro do dialogismo marcado onde a semitica diz que o discurso literrio no um ponto, um sentido fixo, mas um cruzamento de superfcies textuais, um dilogo de vrias escrituras, um cruzamento de citaes.

Ela vai chamar de "texto" o que Bakhtin denomina "enunciado", ela acaba por designar por intertextualidade a noo de dialogismo. O termo "intertextualidade" passa a substituir a palavra dialogismo. Qualquer relao dialgica denominada intertextualidade.

Esse uso equivocado porque h, em Bakhtin, uma distino entre texto e enunciado. Este um todo de sentido, marcado pelo acabamento, dado pela possibilidade de admitir uma rplica. Ele tem uma natureza dialgica. O enunciado uma posio assumida por um enunciador, um sentido. O texto a manifestao do enunciado, uma realidade imediata, dotada da materialidade, que advm do fato de ser um conjunto de signos. O enunciado da ordem do sentido; o texto, do domnio da manifestao. Para o autor russo, o texto no exclusivamente verbal, pois qualquer conjunto coerente de signos, seja qual for sua forma de expresso (pictrica, gestual, etc.).

Se h relaes dialgicas entre enunciados e entre textos. Devem-se chamar intertextualidade apenas as relaes dialgicas materializadas em textos. Toda intertextualidade implica a existncia de uma interdiscursividade (relaes entre enunciados), mas nem toda interdiscursividade implica uma intertextualidade. Quando um texto no mostra, no seu fio, o discurso do outro, no h intertextualidade, mas h interdiscursividade.

Por outro lado, Bakhtin diz que h relaes entre textos e dentro dos textos. Isso significa que se deve diferenar a intertextualidade da intratextualidade. Assim, quando duas vozes so mostradas no interior do texto, como no discurso direto, no indireto ou no indireto livre, no se deve falar em intertextualidade.

Intertextualidade deveria ser a denominao de um tipo composicional de dialogismo: aquele em que h no interior do texto o encontro de duas materialidades lingsticas, de dois textos. Para que isso ocorra, preciso que um texto tenha existncia independente do texto que com ele dialoga.

O Texto "Ouvir estrelas" de Bastos Tigre uma pardia do texto "Ouvir estrelas" de Bilac, pois inverte completamente o sentido do texto bilaquiano. Trata-se da intertextualidade porque, no segundo texto, encontram-se duas materialidades lingsticas, o texto de Bilac e o de Bastos Tigre.

No terceiro conceito de dialogismo a subjetividade constituda pelo conjunto de relaes sociais de que participa o sujeito. Para Bakhtin o sujeito no totalmente autnomo e individualizado. Ele constitui-se em relao ao outro. Isto significa que o dialogismo o princpio de constituio do indivduo e o seu princpio de ao.

A conscincia constri-se na comunicao social, ou seja, na sociedade, na Histria. Por isso, os contedos so sempre uma viso da realidade. A apreenso do mundo sempre situada historicamente, porque o sujeito est sempre em relao com outro (s). O sujeito vai construindo-se discursivamente, aprendendo as vozes sociais que constituem a realidade em que est imerso.

O sujeito no absorve apenas uma voz social, mas vrias, que esto em relaes diversas entre si. Portanto, o sujeito constitutivamente dialgico. Seu mundo interior constitudo de diferentes vozes em relaes de concordncia ou discordncia. O mundo exterior no est nunca acabado, fechado, mas em constante vir a ser. Algumas vozes de autoridade so assimiladas sem saber o porqu, sem pensar, e outras so vistas como persuasivas como liberdades de escolha.

Sendo conscincia sociossemitica, ou seja, formada de discursos sociais, o que significa que seu contedo sgnico, cada indivduo tem uma histria particular de constituio de seu mundo interior, pois ele resultante do embate e das inter- relaes desses dois tipos de vozes. Quanto mais a conscincia for formada de vozes de autoridade, mais ela ser mono lgica, ptolomaica. Quanto mais for constituda de vozes internamente persuasivas, mais ser dialgica, galileana.

O sujeito no completamente assujeitado, pois ele participa do dilogo de vozes de uma forma particular, porque a histria da constituio de sua conscincia singular.

A realidade centrfuga, o que significa que ela permite a constituio de sujeitos distintos, porque no organizados em torno de um centro nico. Cada sujeito nico e singular.

A Histria no exterior ao sentido, mas interior a ele, pois ele histrico, j que se constitui fundamentalmente no confronto, na contradio, na oposio das vozes que se entrechocam na arena da realidade.

Analisando o captulo estudado da obra de Bakhtin percebo que suas idias so atuais, que a linguagem um fator determinante para a formao do pensamento, e que o autor no se interessa pelo sistema de normas da lngua, mas sim, pela conexo que a linguagem faz com as atividades humanas, seu processo de produo no uso. E ela concebida como o somatrio da interao entre no mnimo duas vozes (eu e o outro), e que toda a compreenso de um texto implica em uma responsabilidade, e, por conseqncia, um juzo de valor, uma viso do mundo individualizada. O leitor concorda ou discorda, total ou parcialmente, etc. Todo o discurso uma resposta a outro discurso, portanto um entrecruzamento de pensamentos. Quando se compreende um texto, tem-se o dilogo com o texto, com o escritor e com outros textos similares j lidos pelo leitor. Com isso, dizemos que a leitura de uma obra scio-cultural.

Os gneros textuais estabelecem uma conexo da linguagem com a vida em sociedade. A linguagem permite vrias estratgias que fazem o homem exprimir-se sem limites de compreenso.

O dialogismo o fenmeno que ocorre em todo e qualquer discurso, um discurso se encontra com o discurso de outra pessoa, focalizando as interaes das vozes com o contexto em que esto inseridas, incorporando todos os gneros, mesclando alternando estilos, entrelaando-os, sem se prender a imposies limitantes.

Todos os processos de comunicao independentemente de sua dimenso, so dialgicos.Um enunciado no existe fora do dialogismo. No enunciado esto presentes ecos e lembranas de outros enunciados. As unidades da lngua, no tm autoria, uma vez que qualquer um pode falar uma palavra. J um enunciado tem um autor: "Fulano disse que"

Para Bakhtin, a maioria das opinies dos indivduos social, porm o dilogo no totalmente sujeito aos discursos sociais, ou no haveria liberdade. Para Bakhtin, cada ser humano social e individual.

O discurso literrio no um ponto, um sentido fixo, mas um cruzamento de superfcies textuais, um dialogo de vrios escritos, um cruzamento de citaes. Intertextualidade foi designada por Jlia Kristeva, em 1967, e, em suma, a mesma coisa que dialogismo, porm com um nome diferente.

Diante disto, entendo que a sala de aula um lugar de encontro de diferentes vozes, as quais mantm relaes de controle, negociao, compreenso, concordncia, discordncia, discusso. Neste espao, a aprendizagem uma atividade social de construo em conjunto, resultante das trocas dialgicas, uma vez que, na perspectiva bakhtiniana, o significado no inerente linguagem, mas elaborado socialmente.

No que tange ao ensino de lngua materna, Bakhtin fala que ela no aprendida por meio de dicionrios e gramticas; ela adquirida durante nossas interaes verbais, por meio de enunciados.

FIORIN, Jos Luiz. O dialogismo. In: Introduo ao Pensamento de Bakhtin. So Paulo: tica, 2006. P.18 -59.

DO dialogismo pensado por Bakhtin

Por: Izabel Cristina Zanchi Klaus


Perfil do Autor

Acadmica do VII nvel do curso de Letras Portugus/Ingls da UPF.

(Artigonal SC #3363661)

Fonte do Artigo - http://www.artigonal.com/linguas-artigos/do-dialogismo-pensado-por-bakhtin-3363661.html
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