Educação Infantil: o lúdico como ferramenta de ensino-aprendizagem
O jogo e a brincadeira esto presentes em todas as fases dos seres humanos
, tornando especial a sua existncia. O ldico se faz presente e acrescenta um ingrediente indispensvel no relacionamento entre as pessoas, possibilitando-lhes que a criatividade aflore. Por meio do brinquedo, a criana reinventa o mundo e libera as suas fantasias. A entrada da criana no mundo do faz de conta marca uma nova fase de sua capacidade de lidar com a realidade, com os simbolismos e com as representaes.
Vygostsky (1989) afirma que na brincadeira "as aes internas e externas so inseparveis: a imaginao, a interpretao e a vontade so processos internos conduzidos pela ao externa", destacando que no brinquedo " como se ela fosse maior do que ela na realidade". Vygostsky (1989, p. 132)
A brincadeira faz parte do mundo da criana. Atravs dela, as crianas podem desenvolver suas potencialidades, compreender o mundo, alcanar nveis mais complexos, assumir papis a serem representados e atribuir significados novos aos objetos. Pois:
O brincar , ao mesmo tempo, espao de constituio infantil e lugar de superao da infncia pela relao que estabelece com a representao e o trabalho dos adultos. E uma forma de atividade social infantil, cujo aspecto imaginativo e diverso do significado cotidiano da vida fornece uma oportunidade educativa nica para as crianas. (WAJSKOP, 1995, p. 66)
Para Piaget, alm da brincadeira, o jogo era visto como prprio e essencial para a infncia e o universo da criana, independente at mesmo do funcionamento da inteligncia. O autor no elaborou uma teoria do jogo, mas desenvolveu uma concepo da infncia observando o comportamento ldico infantil, bem como as etapas do processo cognitivo e dividindo-as por faixa etria.
Segundo Piaget, os primeiros jogos que as crianas brincam so de exerccios de zero a dois anos de idade (perodo sensrio-motor), ou seja, repetem situaes por um simples prazer, eles no sero abandonados na prxima fase, pois a cada nova aprendizagem eles retornam no objetivando a aprendizagem propriamente dita, mas sim as condutas dos indivduos, so o "como" para a criana.
Dos dois aos sete anos aparecem os jogos simblicos, no perodo pr-operatrio, onde eles representam, isto , no fazem o exerccio mental, mas a prpria representao do acontecido, j que a realidade assimilada por analogia, j que se os jogos de exerccios so o "como", os simblicos so o "porque". Depois surgem os jogos de regras, que na verdade uma unio dos outros dois jogos, so transmitidos de criana para criana, tem uma caracterstica importante o coletivo, nesse tipo de jogo tem um sentido de fazer, conseguir e compreender, para isso inevitvel a cooperao entre as crianas. Portanto, para Piaget, o jogo consiste em expresso e condio para o desenvolvimento infantil, pois as crianas quando esto jogando tambm esto assimilando e transformando a realidade.
Desse modo, o professor de Educao Infantil precisa elaborar um planejamento centrado para as atividades ldicas com atividades envolventes, respeitando as fases do desenvolvimento infantil, mediante, jogos, brincadeiras, experimentaes, dramatizaes, literatura infantil especfica representada por autores que despertam com suas obras a imaginao e a fantasia. Neste sentido,
A maioria das escolas tem didatizado a atividade ldica das crianas, restringindo-a a exerccios repetidos de discriminao visiomotora e auditiva, mediante uso de brinquedos, desenhos coloridos e mimeografados e msicas ritmadas. (Wajkskop, 1995, p. 65)
Desde modo, o ldico torna-se indispensvel para o processo de ensino-aprendizagem, uma vez que dois elementos o caracterizam: o prazer e o esforo espontneo, sendo considerado
[...] prazeroso, devido a sua capacidade de absorver o indivduo de forma intensa e total, criando um clima de entusiasmo. E este aspecto de envolvimento emocional que o torna uma atividade com forte teor motivacional, capaz de gerar um estado de vibrao e euforia. [...] As atividades ldicas integram as vrias dimenses da personalidade: afetiva, motora e cognitiva.[...]. O ser que brinca e joga , tambm, o ser que age, sente, pensa, aprende e se desenvolve. (TEIXEIRA, 1995, p. 23)
Por isso, considera-se relevante a importncia de planejamentos coerentes, especfico nas suas especificidades e particulares, olhando a criana como um ser nico, repleta de expectativas e curiosidades, utilizando metodologias baseadas na ludicidade, com atividades que despertem o interesse das crianas, tanto individual como coletivamente em sala de aula. Portanto, necessrio que o professor de Educao Infantil tenha conscincia de que as crianas possuem modos prprios de compreender e interagir com o mundo, e cabe a ns, professores, favorecer a criao de um ambiente escolar onde a infncia possa ser vivida em toda a sua plenitude.
TEIXEIRA, C.E.J. A Ludicidade na Escola. So Paulo: LOYOLA, 1995.
VYGOTSKI, L.S. A Formaao Social da Mente. So Paulo: Martins Fontes, 1998.
WAJSKOP, Gisela. O brincar na Educao Infantil. So Paulo, caderno de pesquisa, 1995.
Educao Infantil: o ldico como ferramenta de ensino-aprendizagem
Por:
Daniela FeltrinPerfil do Autor
(Artigonal SC #3252307)
Fonte do Artigo -
http://www.artigonal.com/educacao-infantil-artigos/educacao-infantil-o-ludico-como-ferramenta-de-ensino-aprendizagem-3252307.html
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