O ERRO COMO RECONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO NO PROCESSO AVALIATIVO DO ENSINO APRENDIZAGEM

INTRODUO

INTRODUO

A complexidade da avaliao da aprendizagem no cotidiano escolar tem levado alguns professores tomada de decises equivocadas na tentativa de corrigir os erros com outro bem mais marcante "o castigo", na figura da nota...

O papel fundamental que desempenha a avaliao no processo educativo nas ultimas dcadas, tem sido pauta de debate de alguns educadores preocupados com a formao e a participao ativa do aluno no processo ensinoaprendizagem. Uma proposta de avaliao, no como forma de verificar se os alunos memorizaram conceito, mas enquanto, procedimento pelo qual os professores comparam seus objetivos com as atividades desenvolvidas, a fim de verificar se esto sendo monitorados atravs das atividades ou se, necessitam de alterao dos objetivos proposto inicialmente.

No anseio pela qualidade do ensino fundamental, optou-se por trabalhar a avaliao na perspectiva do erro pedaggico como reconstruo do conhecimento no processo ensino-aprendizagem.

A pesquisa desenvolvida organizou-se em um estudo bibliogrfico com objetivo de propor diretrizes para trabalhar o erro como reconstruo do conhecimento no processo avaliativo da educao no ensino fundamental.

Baseado na histria da prtica escolar onde o castigo e suas variadas formas perderam o carter de agresso fsica, mas continua sendo o monstro temeroso apresentado pelo professor na figura da prova, apresenta-se uma proposta para o ensino fundamental, fazendo oposio ao autoritarismo tradicionalista, dando nfase ao trabalho participativo, aos interesses do aluno, aproveitando o contexto escolar, a realidade cultural na qual a escola esteja inserida e onde se realizam as avaliaes.

CONCEPO DE AVALIAO

A avaliao ao longo dos tempos vem tentando desintegrar-se da prtica secular de provas que serviam apenas para medir, dando nfase aos acertos, concebida meramente como um processo tcnico de medir o quanto o aluno aprendeu, de comparao, vista dessa forma como uma sentena e no como diagnstico. A avaliao apresenta-se em todo contexto da vida, e se organiza como rea de estudo educacional a partir do meado do sculo passado, com uma postura tradicional classificatria transformando a avaliao em um ato de aplicar provas, atribuir notas, com um nico objetivo: aprovar ou reprovar.

A VISO DISTORCIDA DO ERRO

A instituio escolar sempre criou mecanismos de coao para manter os alunos sob controle, obedientes, pontuais, estudiosos e atentos. No passado as medidas primitivas eram em geral fsicas. At hoje esta pratica ainda se faz presente no contexto escolar.

O castigo na escola o mecanismo de coao que se aplica ao aluno que no aprende os conhecimentos transmitidos pelo professor. Se o aluno errar, o professor nunca se auto avalia sob o ponto de vista de que tambm participa do processo ensino aprendizagem e que o erro no revela fracasso s do aluno. Ambos esto juntos. Se o aluno no se enquadra nas normas de condutas estabelecidas, deve ser castigado, para que pague pelo erro e aprenda?

Essa idia de culpa esta relacionada concepo filosfica religiosa de que o homem j nasce pecador. A partir dessa culpa o individuo castiga os outros com a projeo do seu sentimento de culpa e punindo-se, tambm, por julgar-se culpado.

Dessa forma, a escola nada mais faz do que reforar no aluno um sentimento de culpa e de medo, que inibe a ao consciente de cidado, a coragem de lutar pelos seus direitos.

importante enfatizar que na prtica escolar alguns professores levam o aluno a se sentir culpado, alem de nico responsvel pelo erro, aplicando o castigo como forma de correo, transformando a avaliao que poderia ser construtiva em um tribunal onde a qualquer momento o juiz bater o martelo determinando a condenao.

Baseado nesse enfoque seria a avaliao um tipo de violncia?

Observa-se que o interesse do professor na maioria das vezes no identificar quem sabe o que foi ensinado e sim quem no assimila o contedo para assim aplicar-lhe o castigo como forma de correo.

A concepo pedaggica atual no mais aceita castigo de qualquer natureza, fsica ou psicolgica. A percepo de erro que gerava a culpa e o castigo tem servido de ponto de reflexo para alunos, professores e pesquisadores como: HOFFMANN, LUCKESI, VASCONCELOS e AQUINO.

O PAPEL CONSTRUTIVO DO ERRO PEDAGOGICO NA AVALIAO DA APRENDIZAGEM

Atualmente a tendncia nos meios educacionais conceber o erro como indicador para o redimensionamento do planejamento curricular, dos mtodos e estratgias. O erro j no visto como ineficincia unilateral mas do dois plos do processo ensino-aprendizagem. O entendimento de que o erro pode resultar de vrios fatores , envolvendo escola, o currculo, a pratica educativa do professor e o esforo dos alunos tem levado os educadores a uma nova concepo do processo de avaliao.

O erro nessa perspectiva era visto por Demstenes como uma esperana e dessa forma busca0se o caminho a percorrer no sentido certo. OAERESHOT apud AQUINO (1997, p.12) afirma "a aprendizagem no comea com a ignorncia, mas com o erro".

Entre os fatores que interferem na avaliao da aprendizagem esto os critrios adotados pelo professor, os instrumentos, os objetivos a serem avaliados e a propria situao do avaliador que interpreta resultados.

Dessa forma, o professor deve levar o aluno a se conscientizar do erro cometido, levando-o a reconhecer que se trata de um problema a ser superado.

Nesse sentido ele no ser visto como uma derrota, mas um novo ponto de partida e o professor deve avaliar o progresso de seus alunos com esse mesmo esprito positivo, refletindo sobre o que o aluno j sabe e no sobre o que no sabe.

O erro deriva da existncia de um padro j estabelecido. Caso a conduta no corresponda ao padro, o professor costuma avaliar como desvio e no como caminho j percorrido em direo ao acerto.

Com base nessa conjuntura, pode-se considerar a avaliao enquanto mediao do processo ensino-aprendizagem e nao como um fim em si mesmo, ou como instrumento de coao, punio e marginalizao.

A avaliao deve ser um meio para o professor e o aluno caminharem rumo aos objetivos, considerando o progresso e percurso em relao ao que j aprendeu e o que falta assimilar. Assim, a avaliao ser exercida como mediao entre professor, aluni e saber, servindo de reorientao do processo ensino-aprendizagem na direo dos objetivos propostos.

A avaliao pode e deve possibilitar continuidade do processo educacional, mas precisa ser colocada a favor da aprendizagem.

ESTRATGIAS PARA TRABALHAR O ERRO COMO RECONSTRUTOR DO CONHECIMENTO NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM

A necessidade de introduzir mudanas no sistema educacional, em especial no processo avaliativo foi o condutor no desenvolvimento da pesquisa fundamentada na avaliao buscando uma metodologia adequada para trabalhar o erro de modo que este se constitua fonte de crescimento do aluno, uma vez que de grande importncia detectar a origem do erro e como este acontece, transformando-o em um suporte para auto-avaliao.

A proposta abrange aspecto da inteligncia humana relacionando-se com o erro, bem como no contexto da pratica avaliativa.

Para se compreender o significado da avaliao preciso definir claramente o que seja aproveitamento escolar. Este, do ponto de vista da teoria psicogentica, refere-se s construes do conhecimento, isto , elaborao de formas de pensar e relacionar os contedos assimilados, e no progresso entre as construes j elaboradas pelos alunos e as que foram alcanadas, atravs da ao educativa da escola.

Entre os principais objetivos da escola destacam-se os seguintes: transmitir informaes do patrimnio cultural da humanidade (conhecimentos fsicos, biolgicos, sociais); levar o aluno a construir funes cognitivas que permitam pensar e atuar sobre sua realidade; facilitando ao aluno a formao de atitudes e valores para a conduta individual e social.

A avaliao deve recair sobre o aproveitamento escolar previstos nos objetivos, para fazer-se uma avaliao real, efetiva do que o aluno assimila, o professor precisa conhecer as diversas teorias de ensino-aprendizagem, optando por aquela que incorpora os princpios defendidos pela escola e por si mesmo.

Dentro desse processo de construo do conhecimento, se a criana erra, trs hipteses podem ocorrer:

a) A criana possui a estrutura do pensamento necessrio soluo do problema, mas selecionou procedimentos inadequados. A mesma j possui os esquemas do saber fazer, e esse erro no se refere construo de conhecimentos, mas sim a falta de aprimoramento do conhecimento j construdo. Por exemplo, erros de ortografia devem ser avaliados segundo o estagio de desenvolvimento cognitivo da criana. Nas primeiras sries onde a criana ainda no esta alfabetizada, um erro de ortografia pode significar um erro construtivo, pois revela que os esquemas da escrita j esto em desenvolvimento, faltando apenas mais aprimoramento. Na fase em que a criana j elabora a construo da linguagem escrita, o erro no pode ser classificado como erro construtivo por que significa erro de sistematizao do cdigo escrito, de distrao ou de falta de treino;

b) A criana erra por que a estrutura de pensamento que possui no suficiente para solucionar a tarefa; existem dificuldades para compreender o problema e selecionar os procedimentos, uma vez que a criana ainda no dispe de todos os esquemas estruturais para resolver o problema;

c) A criana errou por que no possui a estrutura de pensamento necessria soluo de tarefas. Exemplo: a criana na fase pr-silbica que convivendo com material impresso (rtulos, propagandas, cartazes), no construiu ainda, a noo de palavras e frases.

Aspectos relevantes na prtica avaliativa

1) Conhecer a filosofia educacional da escola e de seus referenciais terico-prticos, os fins e a situao da escola como instituio que direta ou indiretamente, venham interferir na aprendizagem dos educandos;

2) Definir de forma clara os objetos a serem perseguidos, caso contrrio, a avaliao ser algo impreciso e sem consistncia e, consequentemente, sem valor educativo e acima de tudo tendo conscincia de que a avaliao no realizada para atribuir uma nota, mas para possibilitar a aprendizagem;

3) Avaliao conjunta realizada diariamente; Ao final de cada dia as crianas avaliam o trabalho realizado, dizendo o que gostaram ou no, justificando as afirmativas. Em seguida, os alunos selecionaro as atividades que sero trabalhadas posteriormente.

Essa prtica possibilita desenvolver o senso critico individualmente e, em grupo, assim como a criana percebe-se como membro integrante da escola.

4) Propiciar ao aluno um analise da sua prpria produo. Nesse sentido, o professor deve redimensionar as respostas erradas do aluno, considerando que o erro pode levar o sujeito a modificar seus esquemas, enriquecendo-os. Em uma palavra, o erro pode ser fonte de tomada de conscincia (AQUINO, 1997, p.36).

Nessa dimenso os erros e as dvidas dos alunos so considerados como episdios altamente significativos e impulsionadores da ao educativa a partir deles os professores podero investigar como o aluno se posiciona diante do mundo ao construir suas verdades.

5) Clareza e objetividade na avaliao; As provas elaboradas devem ser feitas com um significado, e no como processo avaliativo que vem evidenciar os erros e deglutao dos contedos repensados como ocorre comumente em sala de aula.

CONSIDERAES FINAIS

Com a pesquisa bibliogrfica obtiveram-se informaes relevantes que serviram de referencial para a elaborao da proposta, uma vez que a investigao realizada revelou que os professores, tradicionalmente adotam posturas unilaterais nos momento de avaliar, no levando em conta a multiplicidade de aspectos que envolvem a aquisio de conhecimentos. Assim, a maioria deles se dizem neutros como se a pratica educativa fosse isolada do contexto scio-econmico e poltico onde se realiza, medindo o conhecimento adquirindo e comparam-no com os objetivos, sem nenhuma reflexo, realizando apenas um trabalho tcnico de classificao dos capazes e incapazes.

Desse modo, o erro no visto como uma fonte de crescimento do educando e nem respeita o estgio em que se encontra a criana, sem contribuio para o avano progressivo do educando a um nvel cognitivo mais elevado. Entretanto, de acordo com a pesquisa constatou-se a necessidade de uma prtica que possibilite a elucidao das dvidas, a oportunidade do aluno revelar seu pensamento, seus receios de cometer erro, impulsionando o entendimento de como se d o conhecimento nos diferentes estgios de desenvolvimento da criana. A proposta apresentada possibilita ainda, que os professores possam ultrapassar posturas convencionais na avaliao do desempenho do aluno.

Com esta pesquisa buscou-se contribuir para a construo de outra histria da avaliao, qual seja libertadora voltada para os interesses e necessidades do aluno. A postura do professor frente s alternativas de solues construdas pelo aluno de estar comprometida com a concepo de que o erro seja utilizado para condicionar circunstncias indispensveis ao crescimento continuo do educando.

8. REFERENCIAS BIBLIOGRFICAS

ANTUNES, Celso. Educao infantil: prioridade imprescindvel. 3 ed. Rio de Janeiro: vozes, 2004,193 p.

AQUINO, Julio Gropa. Erro e fracasso na escola. Alternativas tericas e praticas. So Paulo: ed. Summuns, 1997, 158p.

BONTEMPO, Luzia. O pedagogo na escola. Revista "construir noticias", Recife Pe: ed. Multimarcas, novembro/dezembro de 2005, n.25, ano V, p.40-42.

DAVIS, Claudia; ESPOSITO, Yara Lucia. Papel e funo do erro na avaliao escolar. Cadernos de pesquisa. So Paulo: Fcc (74) agosto 1990, p 71 75.

DIDON, Dbora et al. O papel da avaliao. Revista "nova escola", So Paulo: Abril, janeiro/fevereiro de 2007, p.30-33.

GADOTTI, Moacir. Educao e Poder: introduo pedagogia do conflito. 13 ed. So Paulo: Cortez. 2003, p.65-73.

GREGOIRE, Jacques. Avaliando as aprendizagens: os aportes da psicologia cognitiva. Porto Alegre: ed. artes mdicas sul, 2000, p.29-34.

HOFFMANN, Jussara. Avaliao: mito e desafio uma perspectiva construtivista. 36 ed. Porto Alegre: ed. Mediao, 2006, p. 11-22.

KAMI, Constance; KATO, Yasuiko. Bom comportamento no suficiente. Revista "ptio educao infantil". Porto Alegre: ed. Artmed. Maro/junho de 2005, n. 7, ano III, p. 16-19.

LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliao da aprendizagem escolar: estudos e proposies. 17 ed. So Paulo: ed. Cortez, 2005, p. 48-59.

PULASKI, Mary Ann Spencer. Compreendendo Piaget: uma introduo ao desenvolvimento cognitivo da criana. Rio de Janeiro: ed. LTC, 1986, p. 201-215.

RABELO, Edmar Henrique. Avaliao: novos tempos, novas prticas. Rio de Janeiro: ed. Vozes, 1998, p. 69-75.

SOUSA, Clarilza Prado de. Avaliao do rendimento escolar. 6 ed. So Paulo: ed. Papirus, 1997, 180p.

VASCONCELLOS, Celso dos S. Avaliao: concepo dialtica libertadora do processo de avaliao escolar. 4 ed. So Paulo: ed. Libertad, 1994, 104p.

O ERRO COMO RECONSTRUO DO CONHECIMENTO NO PROCESSO AVALIATIVO DO ENSINO APRENDIZAGEM

Por: FILOMENA LAGES

Perfil do Autor

Maria Filomena Lages Souza,Maranhense, Professora Universitria, fomada em Pedagogia pela Universidade Estadual do Maranho-UEMA, Especialista em Gesto Educacional e Mestranda em Cincias da Educao. filolages@bol.com.br. (Artigonal SC #3212237)

Fonte do Artigo - http://www.artigonal.com/educacao-online-artigos/o-erro-como-reconstrucao-do-conhecimento-no-processo-avaliativo-do-ensino-aprendizagem-3212237.html

POST COMMENT

Clinical Trial - Trends For Outsourcing And Off-shoring Of Clinical Testing Porque? (Meio Ambiente) ¿Qué Se Requiere Para Conseguir La Salvación? Terrestrial Digital Tv Receive 2.5 Billion National Financial Support Importância das redes sociais How An Operating System Administrator Can Enable Ca Role Separation The Necessity For Apartment Lease Rental The Latest Industrialization In Laser Cutting MERU CHIKITSA –Ancient Ayurveda Spinal Therapies curing Spinal Ailments Microsoft Dynamics GP Tech Support Covering All the Version PARALELO DO GERENCIAMENTO EM UM HOSPITAL ADMINISTRADO POR UM ADMINISTRADOR HOSPITALAR E OUTRO POR UM PROFISSIONAL DA SAÚDE, NO MUNICÍPIO DO CRATO – C New Methods Of Sheet Metal Fabrication Speed Throughput VISITA A CASA DE MINHA AVÓ NO PARAGUAI